Mostrando postagens com marcador postura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador postura. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pilotando em uma pista de corridas - Iniciantes


Procedimentos que ajudam o piloto iniciante a se preparar para a pilotagem esportiva

O sonho de quem tem uma moto esportiva – e de muitos que não tem – é pilotar em um ambiente esportivo, numa pista de corridas. Apesar do acesso a um autódromo ser hoje mais fácil que outrora, boa parte dos iniciantes não recebe as informações necessárias para se divertir com segurança, e principalmente, com método, para obter de fato um melhor desempenho.
Reuni, então, um conjunto de informações para guiar aqueles que desejam dar mais esse passo em suas carreiras motociclísticas.
Antes mesmo de considerar uma ida à um templo da velocidade, considere inscrever-se em um dos muitos cursos de pilotagem existentes. Aprenderá procedimentos de segurança relativos à uma pista de corridas, como significado das bandeiras utilizadas e o que não fazer em situações específicas, entre outros.

Primeiros passos
Ingressar pela primeira vez em um autódromo é muito significativo para um piloto – a adrenalina corre solta e facilmente pode deturpar uma mente sensata. Tente se acalmar e focar em objetivos que deve atingir nesse primeiro contato.
O primeiro objetivo deve ser o de familiarização. Encontre uma planta ou desenho do autódromo que mostre todo seu traçado. Estude onde são os boxes, qual o sentido da pista (direita ou esquerda da frente do box), onde é a entrada para os mesmos a partir da pista e posições chave para referência. Tente decorar o traçado mentalmente – imagine-se na pista executando cada uma das curvas na sequência que se apresentam.
Ao sair pela primeira vez com a moto para a pista, observe cada detalhe de sua construção. Note que o pavimento é ligeiramente diferente ao longo de sua largura, evidenciando parte da pista como sendo mais "limpa", sem detritos, em contraste com áreas mais sujas, com detritos. Essa área limpa é por onde todos vão passar quando em ritmo veloz, e deve ser evitada nessas primeiras voltas de reconhecimento para não atrapalhar àqueles que estejam treinando. Como sua velocidade deve ser significativamente mais baixa do que daqueles à sua volta, fique fora do traçado prestando bastante atenção aos que vem por trás, dando-lhes bastante espaço, e se for viável frente a sua habilidade, sinalize por onde devem lhe passar.
Todo autódromo conta com faixas pintadas no solo, tanto na entrada quanto na saída dos boxes, separando a pista. Observe que ao entrar na pista, é proibido cortar essa faixa, devendo acompanhá-la até que termine – quando poderá ingressar de fato para a pista. O mesmo vale para a entrada dos boxes, mas em alguns autódromos é permitido o corte devido ao traçado. Informe-se  previamente quanto a procedimentos específicos de cada pista.
Voltando à sua primeira volta, observe as laterais da pista procurando identificar objetos estáticos ao seu redor que possam lhe ajudar na referência de posicionamento e distância, tanto para onde serão executadas as trocas de marcha, quanto para a posição onde se dará o início de uma frenagem.
É de praxe existir placas de distância antecedendo uma curva. Normalmente são dispostas na lateral da pista em ordem decrescente de 50 em 50 metros. Por convenção, são colocadas do lado oposto ao do sentido da curva que precedem. Nas curvas para a direita, estarão posicionadas do lado esquerdo da pista no trecho imediatamente anterior à própria curva. Use essas placas para começar o planejamento de frenagem de sua curva. Seja nesse início bastante conservador, diminuindo consideravelmente a velocidade, bem antes da curva. Tenha em mente que os pneus estão frios, assim como seu corpo, mente e outros componentes da moto. Para completar, ainda estará trafegando na parte suja da pista, com pouca aderência.
Use esses momentos iniciais para também identificar onde estão os postos de controle que sinalizam com bandeiras. É fundamental que dê atenção a eles em cada volta que der – essa é a principal forma de comunicação na pista, e é como será avisado pelos organizadores de como deve proceder nos diversos casos previstos. Obviamente, é necessário saber o que cada bandeira significa, sendo sua responsabilidade aprender seu significado.

Voltas iniciais
Nessas primeiras voltas, atenha-se a memorizar todos os pontos e a direção de cada curva. Não há porque tentar ser rápido ainda. Lembre-se que a rapidez virá com o tempo e com a familiarização com o ambiente. Procure usar sua percepção na construção das memórias de onde fica o que.
Agora que já decorou os principais pontos de atenção, é hora de se preocupar com a melhor linha de condução, ou traçado da pista, como a maioria se refere a essa linha imaginária.
Para identificar o traçado correto, tome como parâmetro que antes de toda curva, o traçado ideal estará próximo à margem externa da pista – em curvas para a direita, a margem externa se encontra do lado esquerdo, e vice-versa. Aproximadamente no meio da curva, deverá estar próximo à margem interna da pista, e aonde ela termina, deverá novamente estar do lado externo, tendo como referência a curva que realizou. A finalidade do procedimento é garantir que descreva no solo, o maior raio possível em relação a disponibilidade física da pista – quanto mais aberto o raio, maior a velocidade que pode comportar uma curva.
É fundamental que entenda a necessidade de aquecimento de todos os componentes, para poder gerar melhor eficiência. Use essas primeiras voltas para garantir um uniforme e gradual aquecimento dos pneus e freios – principalmente.
Aumente o ritmo de pouco em pouco, não tenha pressa em ser rápido como aqueles que o cercam. Considere que os mais rápidos também tiveram de passar por esse processo anteriormente. Ninguém chega a um autódromo onde nunca tenha andado, e vira no tempo do recorde da pista. Nem o Valentino Rossi.
Evite nessa fase o uso do cronômetro. Seu foco deve estar na coleta de informações a respeito do meio em que opera. O quanto vai ser rápido nele, vai depender de quanto irá praticar. Cronometrar voltas pode forçá-lo intimamente a exagerar em alguma coisa para qual ainda não está preparado. A hora do cronômetro chegará quando tiver completo domínio do traçado, pontos de troca de marcha e pontos de frenagem.
Jamais pare na pista por qualquer razão – se tiver uma pane mecânica, encoste na lateral interna da pista, evitando ficar exposto à linha externa até que o socorro venha resgatá-lo. Parar na pista ou exercer velocidade muito abaixo a esperada para cada trecho, pode resultar em desastre. Mantenha velocidade que lhe dê conforto para executar tudo que é necessário, mas fique atento se ela não destoa em demasia das demais praticadas.

Outros pilotos
Talvez seja a convivência na pista com outros pilotos, o maior desafio nessa fase inicial. Existe uma exagerada preocupação em não ser atropelado por pilotos mais experientes e velozes que você, bem como não atrapalhá-los. É muito comum ver pilotos inexperientes toda hora olhando para trás. Evite fazer isso quando já tiver domínio do traçado – basta que se atenha a ele.
A regra que adotamos é de que a ultrapassagem de um piloto mais lento é sempre de responsabilidade do que vem atrás, com maior velocidade. É ele que deve determinar as distâncias apropriadas, bem como velocidades de aproximação e pontos para a ultrapassagem. A sua preocupação deve ser apenas de manter o traçado correto, evitando a todo custo mudanças na trajetória que podem confundir o piloto prestes a ultrapassá-lo. Como esses contatos acontecem muito rapidamente, é comum os novatos se assustarem com a presença de outra moto no momento de uma curva, e em tal proximidade. Mantenha-se frio e preocupe-se apenas em executar sua curva – o piloto que vem atrás, verá através de sua postura e forma como pilota, a melhor maneira de executar a ultrapassagem. Assim que ele estiver em seu campo de visão, fique atento para não olhar para ele, e sim, para a pista e seu traçado. Em várias instâncias, presenciei pilotos perdendo a trajetória em curva, apenas por ficarem olhando para o piloto que executou a ultrapassagem. Foque exclusivamente aquilo que cabe a você fazer.
Alguns pilotos, até de renome, não tem paciência com os novatos e exageram nas aproximações como se estivessem brigando por um título mundial. Infelizmente, não há o que possa fazer quanto a isso – mas se acha que a atitude de algum piloto colocou sua vida em risco de alguma forma, denuncie ao organizador do evento de qual esteja participando. Ninguém tem o direito de colocar seu bem-estar em risco. Evite o confronto pessoal – não leva à solução e corre o risco de punição por conduta anti-desportiva.
Felizmente, a maioria dos que frequentam um autódromo reconhece nesse conjunto de regras sua própria segurança e atêm-se a ele. Como os procedimentos são similares, poderá exercê-los em qualquer pista do mundo, observando as particularidades de cada autódromo.
Espero que possa usar essas informações para evoluir tecnicamente, aumentando seu nível de segurança, tornando-o mais rápido e eficiênte. Na próxima edição, plano de trabalho para os mais experientes.

Nos vemos na pista!


domingo, 23 de maio de 2010

Superando obstáculos

Como transpor pequenos obstáculos com segurança e eficiência

Quando andamos de moto, raramente pensamos nos obstáculos que enfrentaremos no nosso deslocamento, imaginando que aqueles que aparecerem poderão ser tratados de forma imediata, de acordo com sua complexidade. Isso é parcialmente verdadeiro, mas também é importante notar que se tivessemos imaginado alguns dos obstáculos com antecedência, teriamos mais tempo para analisar a melhor forma de lidar com eles, encontrando quase sempre, mais de uma solução para os problemas diários. A vantagem desse procedimento é óbvia – com mais opções, temos a oportunidade de escolhas mais qualitativas. O fato de já termos analisado uma situação mentalmente nos prontifica a executar a solução encontrada sem hesitação – normalmente associada a alguma forma de dúvida do que se está fazendo.

Buraqueira nossa de cada dia

O dia-a-dia de um motociclista envolve lidar com buracos, costelas de vaca, lombadas e depressões. Além desses, placas metálicas cobrindo obras, canaletas de escoamento de água e tantos outros. Chega a ser difícil priorizar sobre o que falar primeiro. Optei por generalizar um pouco o procedimento de como encarar esses percalços, porque via de regra, a grande maioria pode ser tratada da mesma forma, uma vez que está relacionada a física do movimento. Mas antes, devo tecer algumas considerações quanto a tipo de motos e como suas características favorecem ou dificultam essas ações.

Ergonomia em diferentes estilos

A forma como sentamos na moto difere entre categorias. As melhores motos para enfrentar toda sorte de obstáculos são as que oferecem uma posição de pilotagem onde o piloto senta- se de forma natural, com os pés nas pedaleiras alinhados com o eixo da coluna, permitindo que as articulações dos joelhos sejam utilizadas como uma segunda forma de amortecimento. O guidão alto proporciona uma coluna ereta, praticamente perpendicular a linha do solo. As motos que oferecem esse tipo de ergonomia são as do tipo "trail", algumas da linha "street", além das motos específicamente desenhadas para o "off-road". São os melhores estilos para essa tarefa. Em seguida vem as motos esportivas e por último as motos "custom". Essas últimas dificultam um bom posicionamento na moto por terem o apoio dos pés lançados à frente, impossibilitando o piloto de apoiar seu peso nos pés por falta de ângulo necessário, tendo que arcar com os impactos não absorvidos pelo conjunto de amortecimento, direto na base da coluna.

Equilíbrio é tudo

Antes de estudarmos a técnica para enfrentar um obstáculo, é preciso primeiramente notar que estrategicamente a primeira opção deve ser sempre de contornar a dificuldade, optando por um caminho livre. Enfrenta-se o obstáculo quando não há outra alternativa – é o caso de uma valeta ou lombada, por exemplo. Qualquer tipo de obstrução em sua trajetória deve ser abordado com a moto equilibrada na vertical, evitando ao máximo interagir com qualquer interferência estando inclinado – uma vez que nesse estado a moto já tem tendência natural à perda de tração e atrito. Seguindo o mesmo raciocínio de equilíbrio, o ângulo de interação deve ser o mais perpendicular possível à face do objeto com qual se está prestes a ter contato. Evite passar por valetas, por exemplo, em ângulo acentuado para não correr riscos da roda dianteira derrapar e haver alguma perda no controle. A excessão para essa regra angular seriam os obstáculos proeminentes, como lombadas. Nessa circunstância, deve se observar o tipo da moto e principalmente a sua distância livre do solo. As motos da categoria "custom" tem, em sua maioria, pouca distância livre, e combinada a uma distância longa entre seus eixos, proporciona a facilidade de raspar o fundo e até mesmo "entalar" sobre a lombada. Nesse caso, opta-se por passar em ângulo diagonal ao obstáculo, permitindo assim que ambas as rodas o toquem em determinado instante, evitando raspar peças que podem até comprometer o funcionamento da moto. Basicamente é o mesmo procedimento que carros esportivos e baixos usam para passar angularmente sobre lombadas, que facilmente pode ser observado no trânsito.

Postura corporal

Para a maioria das motos é válido dizer que na transposição de qualquer obstáculo deve se utilizar a técnica da transferência parcial de peso para trás no início da interação da roda dianteira com o problema, e a transferência gradativa do peso para frente, no início da interação da roda traseira. Para obter esse efeito, o piloto deve se levantar um pouco acima do banco, apoiado com os pés nas pedaleiras em posição de acionamento das respectivas alavancas. Movimentando o quadril para trás, retira peso da roda dianteira, favorecendo uma interação de menor impacto para essa roda. Ao mesmo tempo, nesse instante a roda traseira recebendo maior carga, também passa a ter melhor contato com o solo, favorecendo a tração. Assim que a roda dianteira passa pelo obstáculo, o quadril deve ser reposicionado agora para a frente, aumentando o controle sobre a roda dianteira e aliviando o peso da traseira. Assim que transposto o obstáculo, volta-se a postura padrão podendo se retomar o contato com o assento da moto.

Identificando diferentes obstáculos

Ao erguer-se nas pedaleiras, o piloto transfere para baixo o peso de seu corpo que estava antes praticamente todo apoiado no banco. Com isso o centro de gravidade da moto também é impulsionado para baixo, favorecendo o equilíbrio e a estabilidade. Essa postura em pé nas pedaleiras objetivando transferência de peso está associada ao tipo de obstáculo e o quanto ele pode interferir no equilíbrio da moto. Quanto maior a diferença entre o pavimento que está rodando e o do obstáculo, maior será a necessidade de transferir o peso. Para esclarecer melhor, imagine um pequeno buraco com as bordas suavizadas – a suspensão da moto daria conta de absorver essa imperfeição sem que houvesse necessidade de se erguer nas pedaleiras. Mas se o obstáculo for uma guia de calçada com 20 cm de altura, sem a mudança postural corre-se o risco de amassar a roda e até cair.

Experimentação

Por fim, conheça sua moto. Experimente interagir com diferentes tipos de obstáculos para se familiarizar com o que sua moto tem para lhe oferecer em termos de absorção de energia através do conjunto de suspensões. Identifique a partir de quais tamanhos e formas de obstáculos torna-se necessária uma mudança postural, ficando atento aos ângulos com que incide sobre eles. Tenha também em mente que qualquer obstrução de seu caminho deve implicar diretamente em uma profunda desaceleração – quanto menor a velocidade, menor será o risco de uma consequente queda. Divirta-se!