terça-feira, 30 de março de 2010

Shimmy

Conheça mais sobre o efeito oscilatório na roda dianteira que eventualmente poderá encontrar em qualquer tipo de moto

Shimmy ou wobble, como também é conhecido o fenômeno, está relacionado principalmente a veículos cuja direção é apoiada em um único pivot de sustentação e tem como componente a ampla capacidade de mudança de direção. Pode ser sentido em motos, bicicletas e até no trem de pouso de aeronaves – também pode ser notado em alguns tipos de veículos de quatro rodas, cuja descrição é impertinente aqui.

O que é?

O fenômeno consiste de rápido movimento oscilatório lateral com mudança de direção, que pode ou não evoluir para um movimento de amplitude ainda maior, a ponto de se perder completamente o domínio da direção, resultando em queda. As causas que geram a oscilação são complexas e estudos em renomadas universidades americanas e européias demonstraram que as origens podem ser as mais variadas. Como esse texto tem caráter informativo, vou me ater aos principais aspectos relacionados às motos.

Características

Uma característica encontrada em diversos tipos de shimmy é a presença de mudança de velocidade – pode ocorrer tanto em processo de aceleração quanto de desaceleração, sendo mais comum e perigoso em aceleração. Dessa forma, veremos primeiramente sob esse aspecto:

Quando uma moto se encontra acelerando, seu centro de gravidade fica recuado, oferecendo maior carga na roda traseira que a dianteira. Uma leve movimentação lateral da roda dianteira pode causar um desalinho entre ela e a roda traseira. Com menor resistência do solo, a roda dianteira pode então tomar uma direção em ângulo maior que o necessário para a continuidade daquele movimento, encontrando em certo ponto abrupta resistência forçando-a para o outro lado, e assim sucessivamente gerando o movimento oscilatório.

Causas

São diversas as causas contribuintes ou até mesmo determinantes para o surgimento do fenômeno – pneus gastos, defeituosos ou indevidamente calibrados, rodas desalinhadas ou desbalanceadas, suspensão mal calibrada, caixa de direção folgada ou "calejada", peso total da moto, altura de seu centro de gravidade, condições do pavimento, aceleração abrupta, e excesso de pressão ao guidão, são as principais.

O que fazer?

No início da oscilação o mais importante é manter a calma para recobrar o controle da direção. O ideal é imediatamente promover a desaceleração, tão suave quanto a situação permitir. Uma desaceleração bruta pode até piorar a oscilação aumentando sua amplitude. De imediato, transfira seu peso para as pedaleiras, levantando-se um pouco da posição sentada sobre o banco. Com isso, o centro de gravidade tende a baixar, e como resultado, diminuir a amplitude da oscilação lateral até sua extinção. De maneira alguma tente controlar o movimento do próprio guidão – observações mostram que por melhor que seja o piloto, não consegue achar o "timing" adequado porque a movimentação do guidão é muito rápida. Tente, dentro do possível, apenas se segurar sem oferecer muita resistência nos braços e mãos – a flexibilidade dos braços é crucial para a finalização rápida do evento. Para poder executar isso é preciso estar com os pés muito bem plantados nas pedaleiras e os joelhos fazendo pressão contra a estrutura da moto, estabilizando seu corpo abaixo do quadril. Com essas medidas a oscilação lateral deve diminuir significativamente de amplitude e até mesmo cessar o evento, recobrando o controle da moto.

Normalmente o shimmy em aceleração cresce em amplitude, apesar de poder ser observado também com alta intensidade lateral logo de início do fenômeno. Frequentemente está tambem associado às saídas de curvas com motos esportivas, devido a grande capacidade de reaceleração que possuem. Observe o fenômeno com atenção quando assistir na televisão as próximas corridas de motovelocidade.

Em desaceleração

O shimmy notado em processo de desaceleração é significativamente mais brando. Normalmente consiste de oscilação lateral bem rápida, mas com pouquissima amplitude angular. As principais razões para seu surgimento residem em algum aspecto mecânico – muito mais que provocado pela ação do piloto. Como descrito anteriormente, deve-se investigar as circunstâncias em que acontece, isolanando os fatores que podem estar causando o desagradável efeito. Comece por analisar os pneus e rodas – um desbalanceamento pode ser sentido até nas rodas de um carro, quanto mais nas de uma moto. A caixa de direção frequentemente pôde ser notada nas observações cientíicas como parte contribuinte, quando não determinante, para o surgimento do shimmy em desaceleração. O excesso de folga acaba por não oferecer a resistência necessária ao movimento angular de direção, facilitando o surgimento da oscilação, além de patrocinar indiretamente o surgimento de "calos" nas pistas que envolvem os roletes responsáveis pelo movimento.

O shimmy em desaceleração normalmente pode ser controlado com mudança de velocidade – geralmente com o aumento dela. A transferência de peso tambem pode solucionar o problema, através da movimentação corporal para trás ou para frente. Ao contrário do shimmy de velocidade, uma maior firmeza das mãos no guidão ajuda na estabilização. Em qualquer caso, o reposicionamento do centro de gravidade para baixo, como descrito acima, tambem provou ser eficiente na neutralização do fenômeno.

Outros aspectos relevantes

Além dos aspectos já citados, outros fatores podem contribuir para o shimmy, como os ângulos de caster e trail da moto analisada, seu peso total, distância entre eixos e altura de seu centro de gravidade.

Nas motos do tipo custom, caracterizadas pela baixa distância do solo, longa distância entre eixos, elevado peso e grande ângulo de caster, a tendência para a oscilação é menor que em motos como as do estilo trail, com características exatamente opostas. Nessas, a elevada altura do centro de gravidade, o baixo peso, curta distância entre eixos, manobrabilidade, a forma delgada e outros parametros, favorecem que o fenômeno possa ser experimentado com maior facilidade.

Seja qual for sua moto, tenha em mente que as circunstâncias podem vez ou outra lhe apresentar essa situação, e o mais importante é ter ciência de como neutralizar o efeito para recobrar o controle. Mantenha sempre a calma e proceda como descrito – a maioria dos acidentes relacionados ao shimmy teve como co-adjuvante a precipitação do piloto. Tenha em mente que a pilotagem que adota obedece às leis da física, podendo se constatar que à toda ação delicada, corresponderá uma reação delicada, enquanto que à toda ação bruta, também corresponderá uma reação bruta da moto. Pilote suavimente e as chances de se deparar com esse fenômeno oscilatório serão muito menores.


3 comentários:

  1. Matéria perfeita para aqueles que teem ânsia de aprender. Parabéns.

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  2. Já me acidentei feio por conta desse fenômeno. Comprei o lançamento da twister em 2001, todo o primeiro lote veio com esse defeito. A bucha espaçadora da balança traseira, aperto de garfo e torque dos motores foram alterados posteriormente. Senhores, tomem cuidado principalmente com os veículos lançamento. Caí em desaceleração e estava em linha reta!!!

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  3. Entrei aqui pensando que falavam a respeito da dança do ventre... kkkkkkk

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