Dicas de pilotagem e comportamento para
motociclistas motoristas
Ao observar o trânsito caótico de nossas
grandes metrópoles, fica cada vez mais patente o descaso e banalidade com que é
tratado o ato de dirigir. É como se as pessoas achassem que o automóvel é uma
extensão de si mesmas, desde sempre. Pois não é. Todos tivemos de aprender a
lidar com esse objeto em alguma época de nossas vidas – até aqueles que nunca
tiveram acesso a um. Não nascemos com ele, mas o carro faz parte de nossas
vidas praticamente desde o nascimento. Tanto tempo de convivência, acaba
trazendo esse sentimento de conhecimento, proximidade, tornando-nos
complacentes frente às necessidades operacionais que o objeto demanda.
Basta observar um pouco, como boa parte
dos motoristas se comporta – principalmente nas situações de muito trânsito.
Todo tipo de barbaridade é cometida, desde pequenas infrações de trânsito à
reais ofensas ao bom senso. E por estarem cercadas de lata e plástico, as
pessoas se sentem em verdadeiras armaduras, acima das necessidades dos que
naquele momento dividem o espaço com elas. São mudanças de faixa sem sinalizar
ou olhar para o lado, paradas em fila dupla, velocidades incompativeis com o
meio, passagens forçadas jogando o carro nas pequenas brechas, e tantas outras.
Adicione a esse caos, motociclistas,
pedestres e veículos maiores como ônibus e caminhões, e está formada a confusão
em que vivemos. Bem, todos já sabem disso, porque em alguma instância sofreram
com a situação.
Mas como podemos mudar esse quadro ou
pelo menos nos proteger de suas consequências? Obviamente, a resposta demanda
uma discussão bem mais profunda e ampla, e também não é meu propósito nessa
instância. Abordei o tema nessa edição, porque a grande maioria dos
motociclistas também é motorista, e aí sim, cabem algumas observações do que
podemos fazer do nosso lado, para todos vivermos mais saudavelmente nesse meio
tão hostil.
Ao compararmos um motorista mediano com
outro que também é motociclista, percebe-se que aquele que anda de moto está
mais atento à tudo que o rodeia, muito do que é puro reflexo do instinto de
sobrevivência que acabou desenvolvendo nesse meio onde ele é minoria, e por cima,
desprotegido, frágil.
Use dessa maior perspicácia para prever
possiveis situações de risco, mas antes mesmo de sair, acerte os espelhos e
banco para melhor atenderem a necessidade operacional do veículo. Espelhos bem
ajustados permitem melhor consciência situacional, ajudando na forma como
interage com o meio.
Ao sair de carro, concientize-se de que
o espaço demandado é outro. Não procure ganhar tempo com manobras bruscas ou se
enfiando em brechas – boa parte dos incidentes ocorrem porque alguém achou que
o tempo à sua disposição era pouco, e tinha de se deslocar com rapidez para
compensar. Evite essa situação ao máximo – ao sair com o carro, planeje com
antecedência o tempo que ira necessitar para cumprir seu percurso, e acrescente
a ele uma generosa folga. Sem a pressão da pressa, tudo fica mais fácil de ser
gerenciado.
O carro tem propriedades que também
podem ser atraentes, e bem exploradas, atenuam a sensação de
"sardinha" que muitos de nós sentimos em seu interior. Ouça música –
mas em tom que te permita ter ciência de tudo que lhe rodeia. Colocar o som no
volume mais alto ainda pode tirar sua concentração e afastá-lo da realidade de
que o meio exige atenção absoluta.
Abuse da gentileza – permita que outros
carros atravessem sua frente cedendo-lhes passagem. Com a recente campanha e
prol do pedestre, faça sua parte – observe atentamente a movimentação de
transeuntes e sempre que possível ofereça passagem. Tenha em mente que muitas
vezes não é possível entender o que um motorista deseja comunicar, quando se é
pedestre. Seja claro ao demonstrar sua atitude de permitir passagem, acenando
brevemente com a mão ou lampejando o farol alto.
Ao trafegar ao lado de outros veículos,
fique atento à quanto espaço está deixando no corredor para o motociclista. Quando
parar, deixe algum espaço tanto na lateral quanto do carro à sua frente. Dessa
forma, terá espaço suficiente se um motociclista precisar manobrar entre os
carros, e ao mesmo tempo, lhe permite maior flexibilidade se tiver de mudar seu
posicionamento em relação aos veículos à sua frente.
Opere o carro com delicadeza. Ao ser
visto por outros usuários da via, estará passando a imagem de calma e
tranquilidade – sinais de segurança e controle para quem observa. Somente essa
atitude, já é suficiente para minimizar potenciais hostilidades.
Sinalize toda intenção de mudança de
direção. A pior coisa para quem está compartilhando o trânsito com você é não
ser informado antecipadamente das ações que irá tomar. A falta de sinalização
do que pretende fazer, pode gerar reações inesperadas das pessoas à seu redor.
Concluida a manobra, certifique-se de que o sinal dado seja cancelado – muito
continuam com a seta ligada por muito tempo após a conclusão da manobra,
sinalizando algo que não vai mais acontecer. Tenha em mente que se não houver
atenção à isso, chegará o dia (se já não chegou) em que as pessoas não mais
acreditarão que sua sinalização é intencional, sempre preferindo acreditar que
é esquecimento seu – já que se tornou corriqueiro.
O ato de dirigir é complexo – procure
não acrescentar tarefas desnecessárias, como ter de manipular objetos enquanto
dirige. Falar ao celular só deve ser viável através de sistema automático de
atendimento e viva-voz no interior do carro. Manipular o aparelho pode afetar
como desempenha suas funções atrás do volante, além de lhe tirar a atenção do
ambiente externo. Por essa razão é proibido pela legislação.
Em ambientes menos conturbados que as
grandes metrópoles – como cidades do interior – tome muito cuidado em
cruzamentos. A população local pode conhecer quais ruas tem preferência sobre
outras, mas se não for seu caso, pare e observe o fluxo antes de cruzar outra
via.
São apenas poucos gestos e procedimentos
que podem fazer a diferença entre chegar tranquilo ao seu destino, ou
totalmente estressado. Se todos colaborarem com pelo menos um pouco, faremos a
diferença no trânsito.
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