sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Exercício de tolerância

A escolha dos companheiros de viagem vai além da amizade – pequenos detalhes podem harmonizar a convivência

O componente social encontra-se cada vez mais presente na preparação de viagens motociclísticas. A escolha dos companheiros de viagem é tão importante quanto os cuidados com a moto e o roteiro, pois tem potencial para acabar com o prazer que se busca através do mototurismo.

Reunimos algumas dicas e cuidados para considerar na escolha das pessoas com quem dividirá experiências, bem como atitudes e gestos que tem o poder de suavizar essas relações.

Quem vai?

Ao começar a preparação de uma viagem, defina a quantidade de pessoas com quem gostaria de dividir essa experiência. Viagens curtas comportam maior número de membros, enquanto as mais longas tendem a números mais reduzidos. Considere que quanto mais longa a viagem, mais afinado e entrosado deve estar o grupo, e como bem sabemos, a convivência sempre é problemática porque não é possível atender a todos os interesses simultaneamente.

Parece óbvio, mas é preciso escolher as pessoas com quem irá dividir essa experiência baseado no grau de afinidade que se consegue obter. Exerça cuidado porque uma pessoa com interesses muito diferentes dos seus pode ser facilmente administrada durante uma viagem de algumas horas ou dias, mas pode se tornar insuportável em semanas de convivência.

Opte por pessoas que tenham os mesmos interesses que você, de preferência, que conheça muito bem para não ser surpreendido com atitudes antagônicas. A cada dia, mais e mais novos laços são estabelecidos virtualmente através da internet, merecendo cuidadosa observação. Hoje é bastante comum iniciar uma relação virtual que depois é transportada para o mundo real. Nesses casos, é importante que os membros do grupo tenham a oportunidade de se conhecerem pessoalmente antes da viagem, para se certificar de que são o que representaram ser virtualmente, e verificar como convivem em grupo.

Harmonia na estrada

Dê preferência por motociclistas com equipamentos semelhantes ao que utiliza – motos com capacidades similares se deslocam mais uniformemente e com menor impacto para seus pilotos. Isso não quer dizer que motos de categorias distintas não possam viajar juntas, mas que isso cria uma dificuldade a mais para administrar, uma vez que o ritmo tem que ser compatibilizado para atender a todos. Da mesma forma, pilotos com experiências e estilos de pilotagem semelhantes, tendem a se deslocar em maior harmonia, evitando contratempos. Se o grupo nunca viajou junto antes, é importante que as regras de conduta em estrada sejam repassadas por todos, estabelecendo inclusive uma linguagem de sinais que todos entendam.

Estabelecendo regras

Grupos maiores necessitam de mais tempo para interagir, tornando-se necessário promover várias reuniões antes da viagem, permitindo medir o grau de interação e gerenciar possíveis e prováveis conflitos. Use essas reuniões para determinar todos os parâmetros da viagem – desde rota, tempo de parada, pontos de abastecimento e alimentação, até custos, equipamentos necessários e conduta na estrada. Quanto mais detalhes conseguirem reunir, menores serão os problemas que eventualmente terão que lidar.

É importante que um membro do grupo seja eleito como coordenador, a quem caberá ter a ultima palavra sobre o andamento da viagem. A pessoa escolhida terá que ter características organizacionais, liderança e principalmente muito bom senso. Caberá a ela distribuir as diferentes tarefas tangentes à preparação da viagem, fazendo com que cada um dos elementos tenha uma tarefa pela qual seja responsável, dando lhe a sensação de maior integração ao grupo. Dessa forma evita-se a sobrecarga de apenas uma pessoa. Um dos elementos pode, por exemplo, ser apontado para levantar todas as características de autonomia das motos do grupo, e traçar a estratégia de abastecimento. Outro pode cuidar da logística que envolve a alimentação, e ainda, pode ser determinada uma pessoa para cuidar dos roteiros turísticos em diferentes pontos da viagem. Essa distribuição de tarefas já poderá indicar o grau de disposição de cada integrante, e também será possível verificar com que intensidade cada membro abraça a idéia da viagem em grupo, podendo-se fazer previsões comportamentais.

Franqueza e tolerância são fundamentais

É de vital importância que a linguagem adotada seja sempre de cordialidade e companheirismo, evitando o excesso de brincadeiras. Uma amizade muito próxima gera liberdades que em uma convivência mais estreita pode facilmente comprometer o bom andamento. É preferível adotar uma postura de interação como se fossem todos colegas recentes. Alimente entre os integrantes a idéia de ouvir as necessidades dos outros e principalmente exercer extrema tolerância às diferenças. Todos os elementos têm que se comprometer com a união do grupo, descartando, sempre que possível, programas individuais que de alguma forma o segreguem. O compromisso deve perdurar até o termino da viagem – próxima a seu final, normalmente eleva o nível de ansiedade dos membros, podendo acarretar alguns individualismos, daí a importância do assunto ser tratado logo nas primeiras reuniões.

Uma exposição sincera e clara de suas pretensões – o que deseja obter dessa viagem – deve ser feita logo nos primeiros contatos por todos os envolvidos, não deixando margem para discussões que aleguem desconhecimento no meio da viagem. Discutam também pormenores como o que será feito se uma das motos quebrar ou alguém se acidentar. O grupo como um todo, deve decidir os procedimentos corretos para cada situação visando sempre o bem estar da maioria. Todos os indivíduos devem ser encorajados a dar ciência de suas expectativas e necessidades, para que de antemão possa se planejar a respeito ou então declinar frente a impossibilidade de atendimento. Dessa forma ninguém sairá arrependido porque as coisas tomaram um rumo inesperado.

Conflitos pessoais devem ser imediatamente tratados e esclarecidos, de forma a não contaminarem mais ninguém. Caso seja necessário, um mediador pode tomar as rédeas da situação para apaziguar os ânimos, sempre tendo como objetivo a reintegração do grupo.

A experiência nos mostrou – e continua mostrando em todas as viagens – que quanto mais sinceros são os membros referentes às suas necessidades e objetivos, mais fácil se torna sua interação e satisfação de expectativas. Aproveitem!


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