Saiba como proceder para ajustar a suspensão de motos que possuem esse recurso
Muitos proprietários de motos que possuem recursos de ajuste para as suspensões de seus equipamentos não sabem como utilizar esses recursos ou para que servem.
A categoria mais afetada pelos
dispositivos é a de motos esportivas, tanto "on" quanto "off
road", talvez porque é a que mais busca um desempenho aprimorado – mas não
é a única – boa parte das motos possue algum tipo de ajuste para as suas
suspensões. Conheça agora um pouco desse universo de regulagens para aprimorar
seu conforto e desempenho. A título de exemplo será usado como parametro uma
moto de média cilindrada da categoria "street", mas que possui todas
as regulagens possíveis.
Recomendações
importantes
O amortecimento de uma moto é
normalmente obtido através de garfo telescópico para a roda dianteira e
amortecedor, ou amortecedores, para a roda traseira. Ambos trabalham de forma
similar e são constituídos dos mesmos elementos. Como esse texto visa ajudar o
leitor no entendimento elementar do conjunto de amortecimento, será bastante
superficial a respeito das características mecânicas, privilegiando mesmo, o
uso por parte do usuário final. Mas antes de tudo, leia o manual de usuário de
sua moto e certifique-se se sua moto possui regulagens e de que tipo são. As
dicas à seguir destinam-se a motociclistas experientes que desejam melhorar as
condições de uso de suas motos – os menos experientes devem tentar manter as
regulagens originais de fábrica por serem as mais abrangentes, proporcionando
conforto e estabilidade em uma grande gama de situações. Em última instância,
se insatisfeito com o comportamento que sua moto tem mas não deseja se
aventurar com essas experiências, procure a ajuda de um mecânico especializado
para orientação.
Tenha em mente que o ajuste da suspensão
é um trabalho contínuo porque envolve dados que estão em constante mutação, e
um ajuste obtido hoje em determinado ambiente e circunstância, pode não lhe
agradar em outro.
Note também que a experiência nos
ajustes demanda tempo e paciência – não deve ser feito às pressas.
Antes de começar a modificar seus
ajustes, anote as posições em que se encontra cada um dos aspectos tratados
(pressão de mola, amortecimento e retorno hidráulicos) – dessa forma, se não
gostar do que obteve ou se perder nos ajustes, terá como retornar ao que
estava.
As regulagens de compressão de mola
normalmente se dão através de um anel que pode ser rotacionado, endurecendo no
sentido horário e amolecendo no anti-horário e a contagem feita por número de
voltas ou anel de graduação.
Os ajustes hidráulicos são normalmente
feitos através de parafusos com limitadores (clicks) ou com marcação para
marcar a quantidade de rotações. A contagem é sempre feita a partir de sua
posição totalmente fechada – o parafuso rotacionado até o fim de seu curso no
sentido horário.
Elementos
De maneira bem simplista, um amortecedor
convencional é basicamente composto por mola helicoidal e fluído hidráulico que
passa por orifícios estreitos no seu interior, diminuindo ou aumentando a
velocidade na compressão e estendimento desse amortecedor.
Objetivo
O principal objetivo do conjunto de
amortecimento de uma moto é proporcionar o equilíbrio entre estabilidade e
conforto à seu usuário. Tendo em mente que somos todos diferentes, cada pessoa
irá requerer uma regulagem específica que leve em conta seu peso,
características de pilotagem e condições do pavimento com qual irá interagir.
Dessa forma, um ajuste nunca será universal, mas apenas adequado àquelas
condições para qual foi feita a regulagem. Daí a indicação por um setup
mediano, como o de fábrica, por prever condições mais abrangentes.
Pré
carga da mola e SAG (Suspension Adjustments Gap)
As molas de um amortecedor têm como
função sustentar o peso da moto, de seu piloto e eventualmente passageiro e
bagagem carregada. A maioria das motos de média e alta cilindrada – e algumas
até de baixa cilindrada – possuem capacidade de regulagem desse dispositivo.
O SAG deve ser efetuado sempre que a
moto tiver seu peso alterado – sua função é obter o ponto ideal de trabalho do
amortecedor, impedindo que trabalhe em seus extremos. Veja como proceder:
- Marque uma referência
na estrutura da moto que esteja na posição vertical acima do eixo da roda
traseira.
- Com o
auxílio de uma pessoa coloque a moto na vertical e pressione o assento
algumas vezes, levantando-a por fim até que a roda traseira perca o
contato com o solo (um pouco).
- Agora deixe
a moto apenas assentar seu próprio peso e meça a distância entre o eixo e
o ponto de marcação.
- Novamente
com o auxílio de uma pessoa, sente na moto em posição de pilotagem com
todo o equipamento que utiliza, inclusive garupa e bagagem se houver.
- Peça para
que seja medida novamente a distância entre os mesmos dois pontos.
- A diferença
entre as medidas é o chamado SAG.
Proceda de forma semelhante com a
suspensão dianteira, mas agora fará a medição de deslocamento ao longo do eixo
de trabalho da bengala, marcando sua base como um dos pontos. Em seguida,
coloque uma tira plástica (daquelas que prendem fios) ao redor da bengala e
tensione apenas o quanto for preciso para que não escorregue por si só. Com a
moto em pé e a suspensão totalmente estendida, o anel de plástico deve estar no
limite de curso da bengala. Agora se sente novamente com todos os equipamentos
e a suspensão afundará movendo o anel plástico enquanto o faz. Agora terá a
medida de quanto a suspensão se deslocou.
Busca-se por um equilíbrio entre as
medidas dianteira e traseira, mas considerando que diferentes motos terão
diferentes cursos para suas suspensões, estou mais propenso a indicar se ater
inicialmente aos 25% de seu curso total. Reitero que não há medida padrão, mas com
a experimentação provavelmente obterá números que adotará como seus.
Amortecimento
hidráulico
Para iniciar, o ideal é ter um ponto de
partida, que nesse caso é a regulagem de fábrica. Certifique-se de que esteja
na metade de seu curso de ação, seja em clicks ou em número de voltas. O
procedimento serve tanto para a frente quanto para a traseira. Feche
completamente o parafuso (sentido horário) e abra a quantida necessária para
atingir esse ponto mediano. Consulte o manual se tiver dúvidas.
Retorno
hidráulico
Repita o procedimento acima com o
retorno, posicionando-o também em seu valor médio.
Ponto
de partida
Esse deve ser seu ponto de partida.
Inicie alterando primeiramente o retorno da suspensão dianteira em um click ou
¼ de volta do parafuso. Valores no sentido horário tenderão a deixar a moto
mais rígida enquanto no sentido oposto perceberá uma moto mais solta. Repita o
mesmo procedimento depois de sentir o comportamento que a moto teve com a roda
traseira e novamente faça um teste. Cerca de 15 minutos andando devem ser
suficientes para notar de que forma afetou a estabilidade da moto.
Por fim, faça o mesmo com o ajuste de
compressão, sempre notando que as mudanças devem ser sutis, assim como a medida
que usa – não ajuste em mais de um click de cada vez para não se perder no que
está sentindo a moto lhe passar. Lembre-se também de manusear um ítem de cada
vez para sentir bem que efeito teve. Outro aspecto importante é a ciência de
que ajustes na dianteira afetam também o comportamento da traseira e
vice-versa. Cabe a você como piloto interpretar o que a moto lhe passa.
Conclusão
Não existe um ajuste perfeito para todas
as ocasiões mas pode existir um para uma ocasião específica. Cabe a você
determinar quando um ajuste é de fato necessário. Essas são apenas linhas
gerais de conduta que nem de longe esgotam o assunto, uma vez que tantos
modelos diferentes de suspensões existem, bem como pilotos e terrenos. Como é
um procedimento que está sujeito a interpretação pessoal, sugiro que experimente
com os dados, mas posso lhe adiantar que na maioria dos casos, verá que os
valores médios fornecidos pelo fabricante atendem a uma grande gama de
situações. Se não obtiver bons resultados com seu setup, retorne a condição
mediana para reiniciar o processo. Bons ajustes!
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