sábado, 18 de setembro de 2010

Tamanho não é documento

Viajar com motos de pequena cilindrada tambem pode ser prazeroso quando limites são respeitados


Você já se perguntou a partir de que cilindrada uma moto pode ser usada para viajar? Se a resposta é afirmativa, pode estar certo que é uma dúvida que acomete grande parte dos motociclistas, uma vez que tamanho e potência da moto podem ser interpretados como sinônimos de conforto e segurança em uma viagem. Na maioria dos casos isso é verdadeiro, mas incompleto na essência – uma viagem motociclística incorpora também sabor de aventura, desejo de conhecer lugares, pessoas e em muitos casos, adequação à um orçamento limitado. Nesta edição tentaremos acabar com o preconceito que existe em torno das viagens com motos de baixa cilindrada e lhe mostrar, caro leitor, que uma moto de pequeno porte pode faze-las tão, ou mais, interessantes e divertidas que suas "irmãs maiores".

O motociclismo brasileiro tem evoluído de maneira rápida e contínua. Cada mercado mundial acaba se desenvolvendo em função das necessidades de seus consumidores, e no nosso caso, evoluímos a partir das motos de baixa cilindrada, de até 150 cc. Apesar do crescimento, importações e melhora no poder aquisitivo, essa faixa de cilindrada é detentora de aproximadamente 80% de toda a frota. Com o avanço da tecnologia e transferência para modelos de menor porte, o custo desses equipamentos tem se mostrado cada vez mais acessível à camadas sociais que sonham em ter seu primeiro veículo de transporte pessoal. Some a isso a facilidade na condução, o baixo custo de manutenção e o baixo consumo de combustível, e verá porque é uma receita de sucesso por aqui. As motos de maior cilindrada continuam, e vão continuar sendo, sonho de consumo para a grande maioria, no entanto, devido a forma como são apresentadas para o público, são vistas como a única alternativa para quem quer usar uma moto tambem para o lazer – e isso não é bem verdade. Queremos lhe mostrar que mesmo as motos de baixa cilindrada oferecem muito em recursos, desde que sejam respeitados os limites para quais foram construídas.

De uma maneira geral, as motos "populares" – na faixa entre 125 e 150cc – tem características essencialmente urbanas, desenhadas para facilitar a locomoção em espaços congestionados por veículos bem maiores. Apesar desse aspecto, seu desempenho e capacidade de carga podem ser utilizados também em um ambiente estradeiro e até mesmo fora-de-estrada. Um de seus atributos mais salientes é a economia de combustível – alguns modelos conseguem produzir médias de até 40 km por litro de combustível – indicando poder percorrer grandes distâncias, algo desejável em viagens. Apesar do porte pequeno, a evolução tecnológica colocou-as em um patamar de desempenho bastante alto, permitindo que motos nessa faixa de cilindrada possam produzir velocidades de 100 km/h mesmo carregadas até seu limite. Essa elasticidade permite que possam ser usadas em ambientes que originalmente são desenhados para veículos com capacidades de locomoção bem superiores – mesmo não interagindo de forma ideal. Outra característica que salienta sua vocação "viajante" é o baixo custo de manutenção – seja preventiva ou em viagem. Como essas motos tem seu custo inicial relativamente acessível, e se destacam pela robustez e durabilidade, acabam sendo normalmente utilizadas por quem está começando no motociclismo – e muitos de nós fazemos isso ainda jovens, quando nossa situação financeira ainda é, digamos, instável. Mais um ponto que faz de uma motocicleta "pequena", uma  grande aliada.
Não devem ser vistas apenas como uma possível falta de opção para mudar de ares – muitas vezes são a alternativa mais viável para um determinado tipo de roteiro. Uma viagem onde se encontrará trânsito urbano muito pesado em grande parte do tempo, um caminho onde o pavimento é muito irregular e dificulta a condução de motos pesadas, ou mesmo a simples vontade de fazer uma viagem mais leve e contemplativa onde se busca uma maior interação com a natureza, são razões que muitas vezes apontam para a moto de pequeno porte como a parceira ideal. Além disso, há também a vontade dos motociclistas mais antigos e experientes de resgatar os tempos de início da vida motociclística, quando normalmente usavam motos pequenas que causavam emoções enormes, novas e prazerosas. Essa volta às origens é um poderoso rejuvenescedor.

Como pode ver, são muitos os argumentos que sinalizam a viabilidade de uso de motos de baixa cilindrada também em viagens, desde que respeitados os limites operacionais, que por si só, definem bem a forma com que se dará uma viagem. Veja a seguir algumas dicas para se preparar e usufruir de sua "pequitita" em um lazer saudável para o corpo e a alma.

- Conheça sua moto: Leia o manual do proprietário, familiarize-se com suas capacidades e não ultrapasse os limites impostos pelo fabricante. Dessa forma garante a utilização por longos períodos de tempo, minimiza os custos de manutenção e garante a longevidade de seu "brinquedo".
- Planeje seu roteiro em função das capacidades de sua moto: Se ela não consegue produzir velocidades médias de uma estrada inter-estadual, por exemplo, poderá optar por estradas secundárias que não exijam tanto de seu desempenho, e ainda poderá ser brindado com paisagens que de outra forma lhe escapariam. Lembre-se que chegar a seu destino é tão importante quanto a forma que chegou lá – não tenha pressa. Saboreie cada quilômetro de aventura.
- Equipamento de segurança: Sempre pilote bem equipado. Não é porque está em uma moto pequena que o dano que ela pode produzir também será. Use bom capacete, luvas e vestimentas próprias para o motociclismo. Jamais pilote sob influência de qualquer substância que possa diminuir sua capacidade de raciocínio e reflexo.
- Desempenho: Tenha em mente que uma moto de baixa cilindrada não tem o mesmo desempenho de um carro simples, e se considerar ainda a carga, fica mais defasada ainda. Antes de enfrentar a estrada, experimente a moto já configurada para a viagem em um ambiente menos hostil, para garantir o conhecimento de suas capacidades de aceleração, retomada e frenagem – assim saberá com o que contar em diferentes situações de estrada. Considere que terá de prestar bastante atenção à atuação dos outros veículos, principalmente porque será ultrapassado com maior frequência. Fique atento ao seu posicionamento e visibilidade para não sofrer uma colisão traseira. Dê especial atenção ao ajuste dos espelhos retrovisores.
- Mantenha sua moto revisada: Antes de cada viagem, observe o estado dos pneus e considere substituí-los por novos. Sempre adote a calibragem oferecida pelo fabricante e inclua em sua bagagem um kit para reparos de furos. Verifique o nível e estado do óleo lubrificante, substituindo-o se necessário. O óleo é essencial para o bom funcionamento do motor. Verifique também a condição da relação (corrente-coroa-pinhão), mantendo-a limpa e lubrificada.
- Carregue sua moto dentro de limites: Além de atentar à quantidade de bagagem que pode carregar, preste atenção em como a distribui na moto para não comprometer sua dirigibilidade. Opte sempre em distribuir a carga equilibrando-a entre lateral direita, esquerda, encima do banco ou ainda em fixação sobre o tanque. Uma carga bem distribuída deixa a moto mais estável.
- Consumo: Fique atento com o consumo fazendo medições a cada re-abastecimento. É provável que a carga maior em uma viagem determine um maior consumo, mas a forma de pilotar tambem influencia essa média. Procure estabelecer velocidades de cruzeiro compatíveis com a via e a capacidade de produção de sua moto.
-Pilotagem: Redobre a atenção e pilote delicadamente. Com a moto carregada, a pilotagem deve ser muito mais suave. Preste atenção às distancias necessárias principalmente em retomadas e frenagens. Fique tambem atento quanto ao comportamento da moto em curva – o peso extra tem que ser gerenciado com cuidado. Em estradas de maior velocidade, fique atento às instabilidades aerodinâmicas, evitando a proximidade com veículos grandes que deslocam enormes camadas de ar em sua volta.

O importante mesmo é que tenha a perspectiva de que não é porque possui uma moto de pequena cilindrada está preso a um único uso. As desculpas acabaram – explore as capacidades de seu equipamento com sabedoria e bom senso e será recompensado com horas e horas de aventuras. Você não precisa esperar ter um modelo maior para viajar de moto. Para os motociclistas mais experientes, as viagens com motos pequenas foram sempre as que reuniram as mais divertidas estórias para contar. Construa a sua!

 

3 comentários:

  1. Leonardo Silva (São Luís - MA)27 de outubro de 2010 às 17:43

    Olá Nenad! Tenho uma Honda CG 125 Fan e desde antes de tirar minha carteira categoria "A" sempre tive a fixação por viagens de motocicleta. Confesso que ainda não o fiz porque acho a minha companheira muito fraca para viajar. Depois que li seu post, me deu mais ânimo para fazer a minha primeira viagem. Vi que dá sim para viajar com uma moto de baixa cilindrada. Observando a questão da segurança e das manutenções regulares, pode-se ir tranquilo. Vou, a partir de hoje, começar a planejar uma viajem inaugural. Sei que essa viajem nunca sairá da minha cabeça! Valeu pelo incentivo. Abraço!

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  2. Apenas para acertar os créditos devidos, essa matéria foi originalmente escrita pelo grupo de colunistas da Trips&Tips de qual sou coordenador e editor. Juntamos os mais de 1 milhão de quilômetros que todos temos juntos para incentivar os motociclistas que operam com as motos de baixa cilindrada, uma vez que todos nós já passamos por isso e temos muitas recordações, na maioria boas. Aja com prudência, se prepare adequadamente e terá vc tmb muitas estórias para contar! Boa sorte!

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  3. sou pernabucano meu nome é fabiano eu viajei para varios estados numa 50cc da marca shinerai não emplaca vou terminar os 9 estados do nordeste para mais informações ema-il fabiano-291@hotmail.com

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