terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

No controle de uma "custom"

Dicas para a pilotagem de motos da categoria "custom"

Atendendo a solicitação de alguns leitores, nessa edição abordarei alguns aspectos importantes na condução de motos da categoria "custom" ou estradeiras, como também são conhecidas por aqui.

Características
As motos dessa categoria possuem características específicas permitindo que sejam imediatamente reconhecidas – a grande maioria possui centro de gravidade muito baixo, ou seja, está muito próxima ao solo. A distância entre eixos das rodas dianteira e traseira normalmente é elevada, ou pelo menos maior do que a média vista em outras categorias. Normalmente são motos com peso elevado e oferecem postura de pilotagem com os pés projetados à frente, apoiados em pedaleiras ou estribos bem à frente do eixo da coluna. Outro elemento bastante comum na categoria é o formato do guidão, normalmente alto e largo. As cilindradas são diversas, podendo o estilo ser encontrado em motos de 125 cc até 1.600 cc.

Problemas
Os problemas para a pilotagem mais recorrentes estão relacionados ao seu volume e dirigibilidade. Veja a seguir como lidar com sua custom nessas situações mais "delicadas".

Peso
A maioria das motos dessa categoria se concentra na faixa de 1000 cc de cilindrada e o peso girando em torno de 300 Kg. Um objeto tão pesado oferece problemas de equilíbrio para a maioria dos motociclistas, pois em algum instante próximo a parada, seu piloto terá de fato que arcar com todo o seu peso. É vital que haja um bom planejamento em como se posicionar na moto para obter o melhor equilíbrio e, fundamentalmente, pensar não somente para o momento, mas no que acontecerá em seguida. Uma vez que a moto ganhe velocidade, o fator peso dexa de ser problemático pois a estabilidade passa a ser gerada pelo controle técnico da moto, exigindo pouquíssima força física.
Para administrar melhor seu peso terá de se posicionar na moto de forma a gerar bom equilíbrio – como essas motos tem por característica a baixa altura, não são problema para se alcançar o chão com os pés para a grande maioria de biotipos físicos. Procure sempre que possível, levar ambos os pés para o solo quando estiver próximo de parar. Terá de se acostumar a usar extra-delicadamente o freio dianteiro para gerenciar o movimento em coordenação com a aceleração e embreagem, uma vez que o freio traseiro não estará a seu alcance nessa condição. Use o tronco de seu corpo para promover o equilíbrio da moto de maneira que os pés possam se arrastar suavemente por sobre o solo, evitando tocá-lo de maneira abrupta. Cada "pé-sada" que der irá inclinar a moto para o lado oposto ao do pé que interagiu com o solo, podendo gerar a necessidade de contra-posição com o pé do outro lado e assim sucessivamente criar desequilíbrio. Da mesma forma, ao sair e ganhar velocidade, espere que haja movimento suficiente com a moto para posicionar os pés nas respectivas pedaleiras. Tome muito cuidado com as situações de desiquilíbrio nessas circunstâncias de baixa velocidade pois se der uma batida forte com os pés no solo, poderá ter sérios problemas físicos e lesar significativamente suas pernas. Como a maioria dessas motos tem escapes baixos, também oferecem risco de queimaduras nas pernas se essas não forem devidamente afastadas da proximidade com a caloria. Fique atento à essa distância para não se machucar. Se sentir que a moto se inclinou para uma posição que não conseguirá sustentar, nem tente fazê-lo – é preferivel deixar a moto cair do que exercer um esforço que poderá causar danos a musculatura e eventualmente lhe prender as pernas embaixo da moto. Lembre-se que para sustentar tal peso, somente uma pessoa de porte físico avantajado terá condições, e mesmo ela, correrá risco de se machucar.

Manobras de baixa velocidade
Durante as manobras de baixa velocidade o planejamento é essencial para não se colocar em situação potencialmente difícil.
Conheça sua moto – execute diversas curvas de 180 graus com o guidão totalmente virado para a curva. A moto descreverá o que chamamos de curva de raio mínimo, ou seja, cumprirá a curva ocupando o menor espaço possível. A finalidade é reconhecer que espaço físico é necessário para a manobra, dando-lhe ciência e referência para manobras futuras em termos de planejamento do espaço necessário.
Fique atento à topografia – sempre note o ambiente em que opera quanto a inclinação. Ambientes que tenham desníveis no solo ou que tenham inclinação no sentido transversal ao da moto oferecem bastante risco, pois a moto tenderá a se inclinar para o lado mais baixo. A tendência deve ser combatida oferecendo maior peso corporal ao lado que possuir o aclive, ou a parte mais alta – é nessa superfície que deve planejar se apoiar. No caso de subidas e descidas, no plano paralelo ao da condução da moto, também é importante notar que descendo o piloto terá de exercer maior controle sobre os freios, enquanto que subindo terá de se preocupar com a manutenção do controle através da embreagem.
Se tiver que manobrar nessas condições, sempre planeje deixar a traseira em direção a descida. Dessa forma poderá utilizar o motor para manobrar a moto em direção à subida. Se não utilizar esse planejamento se verá tendo que puxar a moto de 300 Kg usando os pés ou ainda pior – tendo que pedir ajuda à terceiros.
Utilize a postura de oposição angular – nas manobras de baixa velocidade é importante usar bem o corpo para equilibrar o conjunto e a postura que melhor atende a necessidade é a de oposição angular. Em outras palavras, enquanto a moto necessita de alguma inclinação em direção a curva pretendida, o corpo do piloto deve ser posicionado em ângulo oposto ao da inclinação da moto. Na maioria das vezes basta apenas que seja mantido na vertical enquanto a moto se inclina, mas é preciso que haja flexibilidade para entender que cada situação é diferente, tendo o piloto como dever se adaptar a essas situações.

Curvas
Um dos aspectos mais delicados na operação de uma moto dessa categoria são as curvas. Como a maioria tem centro de gravidade baixo e pouca distância do solo, sua largura total limita bastante a inclinação que podem produzir.
É muito importante que seu condutor tenha ciência desses limites e que saiba identificá-los. Na maioria das motos da categoria, as pedaleiras ou plataformas são as peças que tocam o solo em primeira instância quando a moto atinge o limite de inclinação. Isso quer dizer que naquela velocidade, não conseguirá produzir uma curva de raio mais fechado do que a que já está fazendo quando essas peças roçam o solo. As únicas alternativas para a diminuição do raio seriam a desaceleração e a mudança de postura corporal – agora inclinando-se o corpo em ângulo maior que o da inclinação da própria moto. Essa postura é conhecida como pêndulo, que no caso das motos "custom" não é integralmente aplicada, mas apenas com as partes mais pesadas de seu corpo – as caixas toráxica e craniana. Projetar seu peito e cabeça para dentro da curva faz com que fisicamente a moto possa descrever uma trajetória de raio menor, dada a mesma inclinação.
Note novamente que é preciso adotar a flexibilidade não só no entendimento da proposta, mas principalmente na forma como utiliza seu corpo para obter, controlar e manter o equilíbrio.
Seu planejamento para as curvas deve levar em consideração a capacidade de inclinação de sua moto e adotar tal velocidade que lhe permita obter aproximadamente a metade dessa inclinação durante a curva. Dessa forma garante opções de inclinar mais ou menos durante o processo da curva, ojetivando uma mudança de trajetória no caso de encontrar um obstáculo.

Frenagem
A frenagem não é tão diferente de outras categorias de moto – o freio dianteiro continua sendo o mais importante para a parada emergencial, mas o papel do freio traseiro é incrementado.
Para as manobras de controle em baixas velocidades, o freio traseiro ajuda muito a suavizar um movimento que tenha algum excesso de velocidade. Tente sempre resolver esse excesso primeiramente com a desaceleração na mesma marcha, seguido de redução para uma marcha mais curta e se ainda necessário, a aplicação do freio traseiro.
Por serem motos longas, pesadas e baixas, o freio traseiro passa a ter um papel mais incisivo durante a frenagem do que em motos de outras categorias. As mais leves e altas tendem a uma transferência maior de sua massa para a roda dianteira, fazendo com que esse freio tenha muito maior aplicabilidade.
A vantagem de usar mais o freio traseiro está associada a uma maior segurança no equilíbrio e estabilidade da moto uma vez que qualquer excesso de pressão que cause travamento dessa roda, não comprometerá fundalmente sua dirigibilidade. Já não se pode dizer o mesmo do freio dianteiro, que mesmo sendo mais eficaz, pode provocar inclusive queda se excedidos seus parametros operacionais.
Espero que com essas poucas dicas, os felizes proprietários das motos dessa categoria encontrem ainda mais prazer em sua condução. Aventure-se sempre totalmente equipado.

7 comentários:

  1. Muito boa a matéria. Já havia lido anteriormente, mas resolvi reler para massificar melhor suas dicas.
    Valeu.

    ResponderExcluir
  2. Muito boa, as observações feitas sobre a condução destas maravilhas. Agora peço uma orientação possui motos de menor cilindrada, 250 cc durante 04 anos e estou a 08 anos sem essa belezinha, pretendo adquirir uma moto custom e estou com dificuldade de escolher entre uma Midnight Star 950 e uma Harley Dyna Switchback 1600. Qual delas oferece maior segurança e facilidade de adaptação a dirigibilidade?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Pimentel,
      São motos que, apesar de diferentes, somam características semelhantes. No final, deve se pautar pelo fator "emoção", optar por aquela que mais lhe atrair, seja por que razão for.
      Não existe moto ideal, mas moto ideal para um indivíduo com um determinado propósito de uso. A melhor moto sempre será àquela que cumprir o que seu usuário espera dela.
      Nestes termos, pode ser uma pra mim e outra pra você. Procure andar com ambas antes de concluir o negócio e avalie o fator "emoção". Neste caso, conta muito a satisfação pessoal. Espero que ajude! Abraço!

      Excluir
  3. Muito boas suas orientações, parabéns. Gostaria de saber sua opinião sobre o tempo e experiência antes de ingressar no mundo das motos custom? Estou muito atraído pela Vrod, mas nunca pilotei nenhuma moto nesse estilo. O que acha? Pode-se começar por uma moto como essa ? Já piloto outras motos, mas nunca passei das 600cc.

    ResponderExcluir
  4. Olá Gostaria onde tem curso de manobras em baixa velocidade na cidade de São José dos Campos ou na capital SP.

    ResponderExcluir