sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O outro lado da moeda

Conheça um pouco da empresa que administra uma das mais importantes rodovias brasileiras e sua preocupação com o motociclista


Sempre que pensamos em uma rodovia, um dos aspectos mais negativos que vem à mente é a incomoda cobrança do pedágio. Para a maioria é um pensamento incomodo porque existe a percepção de que já somos excessivamente tributados e que mais esse tributo é uma forma desavergonhada de lesar o cidadão. Além dessa percepção, existe uma antipatia natural de quem paga por um serviço e imagina não receber nada em troca – pelo menos até precisar de alguma forma de serviço prestado pela concessionária. Como motociclistas, essas noções ficam ainda mais evidentes porque a grande maioria dos usuários acha que o valor cobrado está relacionado com a manutenção da rodovia, e que por a moto oferecer pouco ou nenhum desgaste para a mesma, deveria ser isenta de pedágio, como de fato é em algumas estradas.

Por conta dessa visão, buscamos trazer esclarecimentos por parte de quem presta o serviço, até como uma justificativa para um publico crescente de usuários em duas rodas. Antes de procurarmos os administradores da CCR Nova Dutra – empresa escolhida para os questionamentos – fizemos uma pesquisa de campo que incluiu diversas comunidades na internet, para verificar quais os temas mais recorrentes, bem como principais dúvidas dos motociclistas quanto ao serviço prestado e, principalmente, como nosso dinheiro é aplicado.


Surpresa

No primeiro contato com a Nova Dutra, a primeira surpresa foi a clara indicação de que disponibilizaria todo tipo de informação necessária, por ter como objetivo a transparência perante seu usuário. Em seguida, mais surpresas – as pessoas com quem teria o contato, também são motociclistas, mostrando que na administração dessa rodovia não estão apenas políticos, como a pesquisa mostrou ser o pensamento de boa parte dos motociclistas consultados.

Quem é quem

Fui recebido por um comitê de elite da CCR Nova Dutra:

Marcelo Chaim Rezk – Gestor de Atendimento.

Mauricio Cintrão – Analista de Comunicação.

Marcos Rodrigues Brunelli – Gestor de Interação com o Cliente, motociclista há 5 anos, pilota uma Suzuki V-Strom.

Renato de Macedo Pereira – Coordenador Médico, motociclista há 7 anos, pilota uma BMW GS 1200 Adventure.

Jose Luiz Moreira – Gestor Comercial, motociclista há 30 anos, pilota uma Yamaha XT660.

Todos se mostraram interessados e sensíveis aos problemas do motociclista, principalmente os que de fato usam a moto em seu dia-a-dia. Antes de levantar as questões de preocupação apuradas, assisti a uma apresentação sobre o grupo CCR e suas atividades. Veja o resumo:

Grupo CCR e CCR Nova Dutra

A CCR – Companhia de Concessões Rodoviárias é um grupo de empresas destinado a administrar cerca de 1.500 km de rodovias nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, sob a gestão das concessionárias Ponte, NovaDutra, ViaLagos, RodoNorte, AutoBAn e ViaOeste, entre outras atividades.

A CCR Nova Dutra foi constituída em 1995 quando foi assinada a concessão por 25 anos. São mais de 400 km de rodovia ligando as principais cidades brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro. Ao longo de sua extensão, atende também 35 municípios, abrangendo fora as capitais, cerca de 23 milhões de habitantes. Em 1996 deu início às atividades e obras visando a melhoria da estrutura viária através do recapeamento de pistas, construção de marginais e terceiras faixas, alem de construção e recuperação de passarelas, viadutos, pontes e trevos de acesso. Paralelamente, investiu pesado em obras visando à segurança como barreiras de concreto, telas anti-ofuscantes e sinalização horizontal e vertical. Até o final de 2008 foram mais de R$ 6,5 bilhões. De imediato, as reformas começaram a ter efeito positivo já a partir do primeiro ano de atividade, com uma redução de fatalidades na estrada de aproximadamente 50%.

Moto x Pedágio

A cobrança do pedágio para motos já estava prevista em contrato quando da concessão, mas a quantidade de usuários e problemas relacionados a seu tráfego era desprezível até 2005, justificando sua isenção. A partir do ano seguinte, começou a se registrar um aumento significativo do tráfego desses veículos, aumentando também os problemas conseqüentes. A título de parâmetro, os acidentes envolvendo motos comparando os anos de 2006 com 2007 produziram um aumento de 28%, e esses, foram representantes de 12% de todos os acidentes registrados. Tomando como base a mortalidade em acidentes no mesmo período, houve um aumento de gritantes 39% de fatalidades envolvendo a moto, representando 17% de todas as vítimas fatais no período. Dessa forma, justificou-se a necessidade de cobrança para atender a crescente demanda por serviços prestados a usuários com necessidades específicas, a partir de Abril de 2007. Como exemplo, um dos serviços adaptado foi o de guincho, passando a concessionária a operar também veículos mais leves e ágeis no atendimento de ocorrências com motos. Do ponto de vista médico, a concessionária opera uma verdadeira "frota" de unidades de terapia intensiva, mas o dado importante é que para a rodovia dispõe de 77 médicos, 13 enfermeiros e 143 agentes de atendimento pré hospitalar.

Cabines exclusivas

Uma das reivindicações mais populares entre os motociclistas consultados foi a questão das cabines exclusivas de cobrança, devido ao acumulo de sujeira deixada por outros veículos – principalmente caminhões – oferecendo risco de quedas. Outro argumento utilizado foi a pressão exercida por outros motoristas, devido ao maior tempo que necessitamos para o pagamento, em função do equipamento de segurança que dificulta o manuseio de valores. Os gestores atentaram para o fato de que a maioria dos motociclistas em estrada se locomove em grupos, e que o processo de arrecadação feito através de cabine única provavelmente causaria maior desconforto do que a liberação de todas as cabines também para motos. Quanto às condições do pavimento, informa que freqüentemente promove limpeza nos trechos anteriores e de cabine com produtos desengraxantes, biodegradáveis e ecologicamente corretos. Eles acreditam que essa metodologia oferece a maior funcionalidade tanto para o usuário quanto para a rodovia.


Sem parar

A criação de dispositivos eletrônicos ou outras formas que possam oferecer a possibilidade de pagamento sem a necessidade de parada em cabine são opções que estão sendo analisadas pela concessionária. Existem alguns entraves técnicos dificultando a implementação, que os gestores esperam poder resolver em breve.

Faixas de demarcação

Outra questão levantada pelos motociclistas é a falta de aderência encontrada nas faixas demarcatórias da via, principalmente quando molhadas. A informação obtida é que a tinta usada hoje na pintura dessas faixas já é resultado de uma evolução tecnológica que diminui significativamente a espessura necessária para a camada, em conformidade com o que há de mais atual sendo praticado na construção de rodovias no mundo todo. Independente disso, a Nova Dutra conta ainda com um completo laboratório de pavimentos que está em constante aprimoramento e estudo de novos pisos asfálticos, demonstrando a atenção dada à segurança automotiva.

Estatísticas


Alguns acidentes graves trouxeram à tona a necessidade de rever como são projetados os anteparos de contenção ao longo da via, considerando veículos menores, como a moto. Nesse item, a CCR Nova Dutra afirma não haver planos de mudanças porque estatisticamente acidentes onde a falha na contenção de um veículo acidentado foi significativa para os ferimentos de um motociclista são mínimas, não justificando novos projetos. Na estatística que demonstra os diferentes tipos de colisão, as quedas simples estão no topo da lista com 44,1%. Em seguida colisões traseiras, com 20,1%, colisões laterais com 17,9%, Engavetamento com 4,8%, atropelamento com 2,7%, e somente então aparece a colisão com barreira com 1,4%.

Medidas educativas e campanhas

Perguntados sobre o que mais é feito pelo motociclista, os gestores da Nova Dutra evidenciaram que sistematicamente promovem campanhas educativas e fornecem material com dicas de segurança e comportamento, inclusive desenvolvidos em parceria com nosso colega Reinaldo de Carvalho Bueno, da Federação de Motoclubes de São Paulo. Acreditam que a educação é a parte mais importante e crítica para o aumento da segurança do motociclista.


Conclusão e contato

Depois de ter esse contato mais próximo com quem presta esse serviço à nós, motociclistas, vejo a cobrança do pedágio como uma forma de seguro – preferia não ter que pagar, mas pagando, sei que terei o atendimento apropriado se tiver que usufruir dos serviços disponíveis. Mais importante até, é saber que pessoas e empresas estão de olho nos crescentes problemas e estão de fato buscando soluções ponderadas.

Se quiser saber mais a respeito da concessionária, visite seu site na internet ou enderece suas questões diretamente através de seu 0800 – 0173536. O endereço é: www.grupoccr.com.br/novadutra


11 comentários:

  1. a partir do momento que se admite como valida a cobrança de pedagio para veiculos, com a privatizacao da manutencao e atendimento nas estradas, nao vejo porque motos deveriam ser isentas; afinal, imagino que boa parte do trafego de motos é de lazer, em muitos casos motos que custam mais do que muitos automoveis, boa parte dos proprietarios de alto poder aquisitivo. Na verdade me sinto até constrangido ao passar por pedagios onde moto nao paga, por aquele corredor lateral, junto com Harleys, BMWs, etc, pessoal gastando gasolina a toa, e o fusquinha velho do cara que tá a trabalho ali pagando...
    E diante das estatisticas de acidentes e atendimentos, fica ainda mais justificada a cobranca, que, ca entre nos, normalmente é insignificante se formos computar todas os custos que temos pra rodar de moto... Claro que todo mundo prefiriria nao pagar, ja tem todos os impostos, etc, etc, mas, como bem colocado no artigo, é um seguro. O que mais atrapalha é o desconforto pra fazer o pagto, mas tambem nao é tao complicado, é questao de se adaptar, uma bolsa externa com o dinheiro do pedagio, que de pra acessar de luvas, por exemplo, ou pra quem usa muito determinado trecho, algum sistema eletronico "sem parar".

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  2. A questão do pagar ou não pagar pedágio, para mim ficaria em um plano menos importante se fosse desenvolvido difinitivamente um dispositivo tipo "Sem Parar" para nós, motociclistas! Pois o que pega mais é o desconforto de se retirar alguns equipamentos de segurança como luvas e até mesmo, capacetes, para se ter acesso ao dinheiro!
    Mas, reconheço que é justo, pois como todos os demais usuários, também nos beneficiamos das melhorias que são oferecidas por estas empresas privadas e que, muito provavelmente, os órgãos públicos não teriam capacidade de realizar!
    Foi muito esclarecedor e muito bom ver que existe uma preocupação em relação a nossa classe e que não somos apenas mais uma forma de aumentar os lucros destas concssionárias.

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  3. Muito boa a matéria Nenad, não apenas para nós motociclístas saberem onde o dinheiro do pedágio esta sendo gasto mas também para a concessionária saber que estamos de olho, querendo saber o que esta sendo feito para melhorar o atendimento a nossa classe.

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  4. Matéria escrita pelo Nenad sempre é boa, como também não poderia deixar de ser essa da CCR Nova Dutra.

    Mas gostaria de fazer um senão, não à matéria, mas às pessoas que recepcionoram e responderam aos questionamentos. O que eles fizeram foi usar o discurso da empresa que os contratam, e isso é lógico. Eles falaram o que todos sabem: que investem milhões em manurenção, que tem ótimos equipamentos de cuidados médicos, exibiram umas estatísticas sobre acidente e enrolaram ao responder perguntas mais diretas.
    A justificativa para não ter cabines exclusivas para "atender" motocicletas foi absolutamente risível. Eu ficaria com muita vergonha de usar esse argumento.
    O fato dos guard rails serem esponsáveis por um percentual pequeno de acidentes também não os isentam de zelar pela maior segurança. Com certeza na Europa os números são parecidos.Mas eles usam...

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  5. Sei não Edu...
    Eu ficaria muito puto de chegar a um pedágio e encontrar um grupo de 20 motos na minha frente esperando pra pagar... neguim tirando luva, pegando dinheiro esperando troco...
    Ahhh! Ia ficar mesmo muito puto!

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  6. .

    Aqui temos 2 cabines exclusivas para motos, e já tenho pego engarrafamentos de motos, que prefiro mil vezes do que ficar na recebendo buzinadas de boyzinho injetado de testosterona ou motorista sonolento de jamanta. A gente até bate papo na fila.
    Fila faz parte desse mundo.
    Sou a favor da cabine exclusiva para moto, até mesmo para facilitar a cobrança que tem preço único. Para ver o nível de atenção ao motociclista, concessionária daqui vende blocos de vales o que facilita muito o pagamento.

    A CONCESSIONARIA DA DUTRA NÃO FAZ POR QUE ACHA DIMINUI SEU LUCRO! Mas a verdade é que pelo espaço de uma cabine de carro ela AGILIZA 2 motos.

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  7. Esse "CARLOS" aí em cime sou eu Jeff do Grandes Viagens.

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  8. .


    Mas uma coisa é certa, no sentido geral: se eu tiver que escolher um lugar para cair PREFIRO CAIR NUMA RODOVIA PEDAGIADA e, certamente, nessa hora, acharei muito barato o pedágio.

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  9. O problema não está em se pagar pedágio nas rodovias, mas o quanto se paga! Deixar esse valor aos políticos é passar recibo de roubo, pq acho que há verdadeiros disparates no preço. Exemplo da Fernão Dias, que ganhou a concorrência por R$ 1,00, que acho normal, é isso que deveria estar sendo pago em qquer pedágio, mas já está em R$ 1,30, menos de um ano de funcionamento... A coisa funciona 24 h por dia, 365 dias por ano, e vem dizer que todo mundo usa os serviços adicionais? É a mesma coisa com o DPVAT, mexeu nos lucros extraordinários do povo que controla essas minas de ouro, transferem na hora pro bolso do povo... Mas ainda tenho esperança que um dia essas coisas mudem e passem a ser administradas com responsabilidade.

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  10. affffff!Sem comentários. Tem gente que acha que aqui é lugar de discurso político.

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  11. Rodovias bem conservadas? Só pagando, de graça não vem nada mesmo.

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