domingo, 21 de setembro de 2008

Viajando em grupo

Viajar de moto com os amigos pode ser uma experiência maravilhosa, mas também pode se transformar em um problemão. Veja as dicas de como viajar com mais segurança.

Poder viajar com um grupo de amigos de moto é uma experiência indescritível. O companheirismo é a marca registrada desses eventos que unem homens, mulheres e máquinas, mas se não forem tratados apropriadamente, tem grande potencial desastroso. É preciso planejar adequadamente para acomodar os diversos interesses envolvidos, e em grupos muito heterogêneos isso é quase uma "missão impossível". Torna-se então interessante, tomar algumas precauções para que todos possam se divertir e desfrutar ao máximo desses momentos.

Independente de grupos pequenos ou grandes, as recomendações descritas podem ser aplicadas proporcionalmente. Comecem por organizar as pessoas que cuidarão da logística de seu evento. Dependendo do tamanho do grupo, uma ou mais pessoas devem concentrar em si a responsabilidade de organizar o grupo. Para que uma pessoa não seja sobrecarregada, comissões podem ser formadas.

A esses "organizadores" cabe a tarefa de fazer todo o levantamento referente à estrutura necessária para que o grupo possa viajar. Quanto mais completo for, menores os imprevistos. Alguns dos itens que devem ser considerados são:

  • Agrupamento das motos por categoria e capacidade.
  • Seleção dos participantes com maior e menor experiência.
  • Pontos de encontro e horários.
  • Distância a ser percorrida.
  • Autonomia da moto com o pior desempenho.
  • As paradas de abastecimento necessárias de acordo com a moto acima.
  • Paradas para descanso e alimentação.
  • Mapa detalhado do percurso.
  • Mini-mapas para distribuição entre os participantes.
  • Informações sobre o percurso – pedágios, postos policiais, hospitais, condições das estradas e telefones pertinentes.
  • Informações sobre o destino – hospedagem por exemplo.

Tudo que for pertinente a viagem deve ser trazido à tona em pelo menos uma reunião geral entre os participantes, para que o grupo possa ser coordenado. É preciso ressaltar que além de informados, os participantes devem estabelecer uma linguagem de sinais comum a todos, porque durante a viagem é praticamente a única maneira do grupo se comunicar.

Posicionamento

A postura ideal para viagens é a separação do grupo em pares, onde em cada par, um viaja na diagonal do outro, estando na frente e a esquerda o piloto que lidera a dupla. Na sua diagonal, à direita e atrás, estaria o outro elemento do par, ocupando a posição de descanso. A distância entre os dois deve ser tal, que o líder tenha a condição de, sem desviar sua atenção ou olhar, notar através da visão periférica o farol de seu acompanhante. O papel deste é se posicionar de tal forma que possa ver através do espelho do líder, o capacete dele. Dessa forma ambos têm visão à frente, visão à ré, mobilidade lateral e visão um do outro. Essa é a condição que a natureza nos ensina através do vôo dos pássaros, como sendo a mais eficiente. Outra vantagem obtida com o posicionamento é a visibilidade por parte dos outros motoristas, tanto vistos pela frente quanto vistos por trás, por aparentarem uma massa maior.

Quem é quem

Os papéis são distintos: O líder tem como função estabelecer o ritmo, distâncias seguras para a ultrapassagem do par, bem como sinalizar eventuais obstáculos. É uma posição de responsabilidade, por isso, normalmente é adotada pelo motociclista mais experiente, adotando velocidades e ritmo de acordo com a capacidade de produção do menos experiente. Ao companheiro dele, cabe uma posição de descanso, onde basicamente a preocupação central é a manutenção do posicionamento em relação ao líder. Pode lhe ser ainda atribuída a tarefa de observação do par que segue imediatamente atrás, sinalizando ao líder um eventual distanciamento excessivo. As posições não devem ser constantes, e de tempos em tempos, cabe ao líder ceder sua posição ao ala para que possa esse também ganhar experiência e responsabilidade. A troca de posições não deve ser constante, para que cada um possa se ambientar na posição que ocupa. Isso pode ser combinado de acordo com o grau de dificuldade que irá se apresentar na estrada, ou por uma quilometragem estabelecida – 100 Km por exemplo. Em trechos de curvas sem visão, o par deve se separar ficando um na frente do outro, separados por uma distância de dois segundos. Dessa forma ambos têm mobilidade lateral e distanciamento seguro para lidar com qualquer eventualidade, retomando o posicionamento de "par" assim que as condições de visão à frente permitirem.

Distanciamento

A separação dos pares também deve ser de 2 segundos. Essa distância permite que os pares tenham visão uns dos outros, e ao mesmo tempo, permite que haja separação adequada no caso de qualquer incidente. Possibilita também que eventuais veículos que estejam mais velozes que o grupo, possam fazer ultrapassagens utilizando-se dos pequenos vãos formados por esse intervalo, principalmente em estradas de pista simples. Em estradas com múltiplas pistas, a faixa central ou a da direita se tratando de duas, oferece a melhor solução de posicionamento por conter a melhor mobilidade lateral. Como o grupo tende a desenvolver velocidades abaixo da média da estrada, convém deixar as vias da esquerda para ultrapassagem de outros veículos. Quando o numero de participantes for impar, uma das duplas se tornará um trio. As mesmas regras se aplicam, mas com o aumento da proximidade, convém que o trio tenha pelo menos dois motociclistas experientes.

Organização

A formação do grupo que possui pilotos com experiências distintas, deve considerar sempre combinar um experiente com um inexperiente. Os pares que contem os motociclistas mais "calejados" de todo o grupo, devem ser colocados nas extremidades do grupo – na frente e atrás – alocando os demais entre eles.

Pode acontecer também – e acaba acontecendo – a formação de grupos espontâneos na estrada, em função de algum evento onde haja concentração de motociclistas. Nesse caso, como não houve a coordenação prévia, prevalece o bom senso, respeitando sempre as normas básicas de segurança.

Quando diferentes grupos se encontram, é fácil acontecer alguma forma de fracionamento, dificultando a identificação de quem pertence a que grupo. Para minimizar esse problema, alguma forma de identificação de seu grupo pode ser adotada, seja para identificar a moto ou o motociclista.

Para as viagens de grandes grupos, pode também ser considerada uma forma de comunicação eletrônica que ajude a coordenar melhor o grupo. A cada dia, a tecnologia nos aproxima mais de soluções que ajudam nessa tarefa.

Independente do destino, duração da viagem, ou quantidade de pessoas, devemos ter em mente que a viagem é o meio de se chegar a algum lugar – apesar de estarmos em condições de apreciar o processo, é vital notar que é a parte mais delicada e perigosa do evento, e que o objetivo de todos é chegar ao destino em segurança, e lá confraternizar. Respeite a vida! Pilote com segurança, e se divirta!

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