quarta-feira, 10 de junho de 2009

Pilotando confortavelmente

Saiba como regulagens e boa postura promovem uma pilotagem mais confortável


Boa parte dos motociclistas desconhece os recursos que suas motos têm para melhorar o posicionamento e a ergonomia. A maioria das motos possui regulagens em seus comandos operacionais para um melhor acerto da interação do piloto com a máquina. Não são tão amplas quanto em um carro, mas ainda assim permitem ajustes que fazem diferença no final de uma longa viagem. Como as motos normalmente são pilotadas por um único indivíduo, essas regulagens são fixas, e a maioria não pode ser executada sem ferramentas. Por conta disso, boa parte usa a moto e se adapta a ela com suas regulagens originais – quando ainda oferecem uma gama de soluções para melhorar a ergonomia de seu usuário.

Os punhos que sustentam os comandos do freio dianteiro e embreagem são na maioria das motos fixos ao guidão através de uma espécie de abraçadeira, e presos com um parafuso. Antes de serem apertados, permitem alguma amplitude rotacional para um bom ajuste do ângulo que formarão com a mão do piloto. O ideal é que esteja na presença de seu mecânico de confiança para executar essa e outras regulagens, pois certamente poderá melhor lhe orientar quanto a amplitude ou viabilidade da ação. O que se busca nessa regulagem angular é um posicionamento neutro da mão sobre o comando, formando o menor ângulo possível da mão com o antebraço, quando os dedos estão estendidos por sobre o manete que será operado. Quanto mais reta estiver, menor será a chance de um estrangulamento das veias que promovem a circulação sanguínea nessa região. Um bom ajuste nessa área permite livre circulação, evitando a sensação de "formigamento" nos dedos, bastante comum em trechos longos ou em motos com guidão em altura superior à linha do coração. Já em motos esportivas, esse fenômeno é mais facilmente associado a uma postura corporal errada, ficando o piloto excessivamente apoiado nas manoplas, estrangulando a passagem do sangue nessa região.

Na parte inferior, os pés também podem vir a ter melhor estabilidade e controle se sua moto possuir regulagens para a alavanca de câmbio e pedal do freio traseiro. Normalmente, as alavancas de câmbio possuem regulagem através de varetas rosqueadas, enquanto outras podem ter apenas regulagem por encaixe no eixo estriado do câmbio. Seja qual for, busca-se por um posicionamento mais natural do pé em situação de pilotagem. Isso quer dizer que quando o piloto estiver sentado na moto com seu pé colocado encima da alavanca de câmbio em posição de atuação, o ângulo que seu pé forma através da junta do tornozelo com a perna deve ser o mais neutro possível, preferencialmente próximo a um ângulo de 90°. Como dito anteriormente, esse posicionamento mantém a melhor circulação sanguínea na região.

O pedal do freio é um pouco diferente, nem sempre permitindo esse tipo de ajuste – mas em motos onde permite, deve ser ajustado em altura seguindo os mesmos parâmetros da alavanca de câmbio. A busca é por neutralidade no posicionamento dos pés.

Tanto as mãos quanto os pés devem encontrar uma posição que ofereça simetria, para não ficar com a impressão que um pé ou uma mão esteja mais baixo que o do lado oposto. Isso garante melhor estabilidade corporal encima da moto. Bastante do conforto também se relaciona com a consciência situacional e relaxamento durante a pilotagem. Para melhor controle do que se encontra a nossa volta é preciso que os espelhos estejam regulados de maneira a oferecer o máximo em amplitude. Para regulá-los, sente-se na moto em posição de pilotagem, usando o capacete. Regule os espelhos primeiramente no eixo vertical, afastando-os de você e depois os trazendo em sua direção até que na parte interna dos espelhos possa ver só um pedaço de seu próprio corpo, que normalmente é o braço ou o ombro. Nessa posição estará cobrindo o máximo da visão que têm atrás de si. No plano horizontal, ajuste a altura do que vê atrás de maneira que a linha do horizonte se encontre aproximadamente no meio do espelho, oferecendo visão de parte do chão bem como do céu. Uma vez ajustados, identifique o objeto que consegue ver na extremidade externa de ambos os espelhos e rotacione a cabeça para o lado até que possa identificar esse mesmo objeto. Repita a ação algumas vezes para memorizar o quanto precisa rotacionar a cabeça para cobrir todo o lado que o espelho não cobre. É importante estar de capacete, pois ele também restringe parte de sua visão e executando esse exercício, sempre que virar a cabeça para o lado com a mesma amplitude, terá certeza de ter coberto tudo ao seu redor.

Nosso corpo influencia significativamente o movimento, exigindo disposição e prontidão para executar diferentes movimentos que visem obtenção de melhor equilíbrio. Para tanto, é preciso estar preparado – antes de pilotar, faça uma serie de alongamentos para os braços, dedos, ombros, pescoço, quadril, costas, pernas e pés. Se possível, busque orientação profissional para não lesar nenhum músculo. Um bom alongamento coloca o corpo em estado de prontidão, evitando o cansaço e a conseqüente fadiga muscular. Durante a pilotagem, procure manter as costas retas, os braços relaxados, as pernas firmes na estrutura da moto e os pés bem plantados nas pedaleiras ou plataformas. Nas motos com pedaleiras, sempre que a situação permitir, os pés devem ser recolhidos para uma posição onde a junta dos dedos, e não no centro do pé, incida sobre a pedaleira. Dessa forma obtém-se melhor apoio, mas perde-se a presteza operacional, por estar afastado do comando. Daí a postura ser reservada para situações onde se tem razoável certeza de que o comando não será utilizado com freqüência.

A combinação desses elementos permite uma atuação mais eficiente encima da moto, cansando-se menos e prolongando o prazer na pilotagem. Experimente!

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