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sábado, 18 de setembro de 2010

Equilíbrio delicado


Dicas para facilitar o seu trabalho de equilibrar a moto

Ao manusearmos um objeto dependente de equilíbrio, como é a moto, não nos damos conta – na maioria dos casos – de quantos aspectos têm de ser relacionados e tratados simultaneamente para que possamos promover continuidade no movimento, dotados de estabilidade.
Inicialmente, é preciso notar que qualquer moto é projetada por engenheiros de maneira a oferecer harmonia na distribuição de peças – e respectivos pesos – de forma a manter a maior quantidade de massa possível, centrada. Conforme peças mais leves são incorporadas à moto, existe uma preocupação em que sejam massas iqualmente destribuidas entre direita e esquerda da moto, bem como a frente e traseira, também. Qualquer excesso que tenha que estar concentrado em um ponto por necessidade, delinea que uma massa proporcional seja colocada em posição oposta para promover o equilíbrio e gerar estabilidade, por não induzir qualquer tendência.
Mas essas massas são fixas, inalteradas, e a elas adicionamos peso e movimento quando acrescentamos o piloto. Frequentemente, não apenas o piloto, mas garupa e bagagem também. Qualquer adição de massa deve seguir o conceito abordado tambem pelo engenheiro que projetou e construiu a moto, tentando se ocupar das mesmas preocupações e distribuir de maneira a interferir o quanto menos for possível.

Por esse motivo o uso de maleiros laterais é a forma mais apropriada para se carregar bagagens em motos – permite a distribuição entre lateral direita e esquerda, um centro de gravidade baixo, por estar o peso abaixo da linha do banco e fixação firme, permitindo que sua massa seja incorporada à da moto. Bagagens menores podem e devem ser acondicionadas no bagageiro ou o banco do garupa, mas quando seu peso for relevante, deve-se levar em consideração distribuir o conteudo também em uma mala de tanque, equilibrando parcialmente o peso com a traseira da moto.

Uma das coisas que poucos motociclistas se dão conta é a importância do peso do guidão – aquelas peças na extremidade das manoplas na maioria das motos. Basta que uma delas se solte ou se perca para ver a quantidade de desequilíbrio que causam. Outra maneira de atestar o mesmo é acrescentar peso em apenas um dos guidões, como uma sacola com um litro de leite. Não recomendo a experiência aos pilotos novatos e recomendo muito cuidado aos experientes se tentarem reproduzir. A pilotagem fica bastante comprometida e tendenciosa, exigindo a todo instante compensações por parte do piloto. A experiência acaba por ilustrar a necessidade da simetria na distribuição de pesos mostrando como de fato podemos alterar a dirigibilidade apenas por acrescentar um acessório em local inconveniente.
Tenha em mente que alterações no guidão como sua forma e dimensões também acarretam uma pequena mudança no centro de gravidade, e podem modificar a pilotagem. Dependendo do propósito, pode até ser uma melhoria, mas ainda sou partidário da idéia de que os engenheiros que desenvolveram os produtos são bem mais capazes que meros usuários como nós para tomar tais decisões. Até mesmo alterações simples como substituição dos espelhos retrovisores ou troca de manetes pode modificar o comportamento da moto – boa parte não reconheceria tais mudanças, mas pilotos mais sensíveis e com apurado senso de equilíbrio, poderiam facilmente perceber essas nuances.

Uma das coisas que mais interfere na boa manutenção do equilíbrio é o próprio piloto com sua postura corporal. É importante que boa parte do corpo seja mantida de forma estável sobre a moto, evitando que a movimentação provocada pelo deslocamento se torne difícil de gerenciar. A melhor forma para a maioria de modelos de motos é plantar bem os pés nas pedaleiras, usar o calcanhar como uma forma de trava para os pés ao pressionar levemente a estrutura da moto e, joelhos pressionando o tanque de combustível. Dessa forma, a parte superior do corpo acima da cintura é usada como massa oscilante em torno de um pivot central que nesse caso é representado pelo quadril. O tronco pode se movimentar tanto lateralmente quanto longitudinalmente, podendo neutralizar qualquer pequena mudança no centro de gravidade imposta pelo movimento, enquanto a parte inferior é mantida estável como sendo parte da estrutura da máquina. Com os braços bem posicionados e flexionados, poucas mudanças no centro de gravidade serão sentidas, mas se em contraposição os braços forem utilizados de maneira a segurar o guidão mais rigidamente, qualquer abertura com os cotovelos, por exemplo, refletiria no comportamento equilibrado da moto.

Lembre-se sempre que enquanto pilotamos, somos administradores de diversas energias e cabe-nos neutralizar forças para poder promover o equilíbrio. Usar todos os recursos disponíveis facilita o trabalho do piloto, garante um objeto mais estável para se lidar e em última instância, torna a pilotagem mais prazerosa e menos cansativa. Pense a esse respeito na próxima vez que carregar sua moto para viagem ou trocar um acessório. O perigo pode estar mais próximo que imagina. Fique atento a todos os detalhes e curta seu "brinquedo"ao máximo!

domingo, 23 de maio de 2010

Superando obstáculos

Como transpor pequenos obstáculos com segurança e eficiência

Quando andamos de moto, raramente pensamos nos obstáculos que enfrentaremos no nosso deslocamento, imaginando que aqueles que aparecerem poderão ser tratados de forma imediata, de acordo com sua complexidade. Isso é parcialmente verdadeiro, mas também é importante notar que se tivessemos imaginado alguns dos obstáculos com antecedência, teriamos mais tempo para analisar a melhor forma de lidar com eles, encontrando quase sempre, mais de uma solução para os problemas diários. A vantagem desse procedimento é óbvia – com mais opções, temos a oportunidade de escolhas mais qualitativas. O fato de já termos analisado uma situação mentalmente nos prontifica a executar a solução encontrada sem hesitação – normalmente associada a alguma forma de dúvida do que se está fazendo.

Buraqueira nossa de cada dia

O dia-a-dia de um motociclista envolve lidar com buracos, costelas de vaca, lombadas e depressões. Além desses, placas metálicas cobrindo obras, canaletas de escoamento de água e tantos outros. Chega a ser difícil priorizar sobre o que falar primeiro. Optei por generalizar um pouco o procedimento de como encarar esses percalços, porque via de regra, a grande maioria pode ser tratada da mesma forma, uma vez que está relacionada a física do movimento. Mas antes, devo tecer algumas considerações quanto a tipo de motos e como suas características favorecem ou dificultam essas ações.

Ergonomia em diferentes estilos

A forma como sentamos na moto difere entre categorias. As melhores motos para enfrentar toda sorte de obstáculos são as que oferecem uma posição de pilotagem onde o piloto senta- se de forma natural, com os pés nas pedaleiras alinhados com o eixo da coluna, permitindo que as articulações dos joelhos sejam utilizadas como uma segunda forma de amortecimento. O guidão alto proporciona uma coluna ereta, praticamente perpendicular a linha do solo. As motos que oferecem esse tipo de ergonomia são as do tipo "trail", algumas da linha "street", além das motos específicamente desenhadas para o "off-road". São os melhores estilos para essa tarefa. Em seguida vem as motos esportivas e por último as motos "custom". Essas últimas dificultam um bom posicionamento na moto por terem o apoio dos pés lançados à frente, impossibilitando o piloto de apoiar seu peso nos pés por falta de ângulo necessário, tendo que arcar com os impactos não absorvidos pelo conjunto de amortecimento, direto na base da coluna.

Equilíbrio é tudo

Antes de estudarmos a técnica para enfrentar um obstáculo, é preciso primeiramente notar que estrategicamente a primeira opção deve ser sempre de contornar a dificuldade, optando por um caminho livre. Enfrenta-se o obstáculo quando não há outra alternativa – é o caso de uma valeta ou lombada, por exemplo. Qualquer tipo de obstrução em sua trajetória deve ser abordado com a moto equilibrada na vertical, evitando ao máximo interagir com qualquer interferência estando inclinado – uma vez que nesse estado a moto já tem tendência natural à perda de tração e atrito. Seguindo o mesmo raciocínio de equilíbrio, o ângulo de interação deve ser o mais perpendicular possível à face do objeto com qual se está prestes a ter contato. Evite passar por valetas, por exemplo, em ângulo acentuado para não correr riscos da roda dianteira derrapar e haver alguma perda no controle. A excessão para essa regra angular seriam os obstáculos proeminentes, como lombadas. Nessa circunstância, deve se observar o tipo da moto e principalmente a sua distância livre do solo. As motos da categoria "custom" tem, em sua maioria, pouca distância livre, e combinada a uma distância longa entre seus eixos, proporciona a facilidade de raspar o fundo e até mesmo "entalar" sobre a lombada. Nesse caso, opta-se por passar em ângulo diagonal ao obstáculo, permitindo assim que ambas as rodas o toquem em determinado instante, evitando raspar peças que podem até comprometer o funcionamento da moto. Basicamente é o mesmo procedimento que carros esportivos e baixos usam para passar angularmente sobre lombadas, que facilmente pode ser observado no trânsito.

Postura corporal

Para a maioria das motos é válido dizer que na transposição de qualquer obstáculo deve se utilizar a técnica da transferência parcial de peso para trás no início da interação da roda dianteira com o problema, e a transferência gradativa do peso para frente, no início da interação da roda traseira. Para obter esse efeito, o piloto deve se levantar um pouco acima do banco, apoiado com os pés nas pedaleiras em posição de acionamento das respectivas alavancas. Movimentando o quadril para trás, retira peso da roda dianteira, favorecendo uma interação de menor impacto para essa roda. Ao mesmo tempo, nesse instante a roda traseira recebendo maior carga, também passa a ter melhor contato com o solo, favorecendo a tração. Assim que a roda dianteira passa pelo obstáculo, o quadril deve ser reposicionado agora para a frente, aumentando o controle sobre a roda dianteira e aliviando o peso da traseira. Assim que transposto o obstáculo, volta-se a postura padrão podendo se retomar o contato com o assento da moto.

Identificando diferentes obstáculos

Ao erguer-se nas pedaleiras, o piloto transfere para baixo o peso de seu corpo que estava antes praticamente todo apoiado no banco. Com isso o centro de gravidade da moto também é impulsionado para baixo, favorecendo o equilíbrio e a estabilidade. Essa postura em pé nas pedaleiras objetivando transferência de peso está associada ao tipo de obstáculo e o quanto ele pode interferir no equilíbrio da moto. Quanto maior a diferença entre o pavimento que está rodando e o do obstáculo, maior será a necessidade de transferir o peso. Para esclarecer melhor, imagine um pequeno buraco com as bordas suavizadas – a suspensão da moto daria conta de absorver essa imperfeição sem que houvesse necessidade de se erguer nas pedaleiras. Mas se o obstáculo for uma guia de calçada com 20 cm de altura, sem a mudança postural corre-se o risco de amassar a roda e até cair.

Experimentação

Por fim, conheça sua moto. Experimente interagir com diferentes tipos de obstáculos para se familiarizar com o que sua moto tem para lhe oferecer em termos de absorção de energia através do conjunto de suspensões. Identifique a partir de quais tamanhos e formas de obstáculos torna-se necessária uma mudança postural, ficando atento aos ângulos com que incide sobre eles. Tenha também em mente que qualquer obstrução de seu caminho deve implicar diretamente em uma profunda desaceleração – quanto menor a velocidade, menor será o risco de uma consequente queda. Divirta-se!