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terça-feira, 19 de julho de 2011

Aquecimento


Um dos itens principais que um motociclista deve considerar antes de pilotar

Não! Não se trata de aquecimento global – nem de aquecimento provocado pela caloria emitida pela moto. Nessa matéria será abordada a importância de aquecer diferentes componentes da moto, e o que deve se fazer para atingir um bom nível de desempenho, enquanto piloto motociclístico.
Boa parte dos motociclistas não dá a devida atenção à esse procedimento, por achar que ele não é relevante para o processo da pilotagem, e por consequência, à sua segurança. Ledo engano.
Em larga gama de acidentes estudados pude notar a falta desse elemento, contribuindo para o evento de maneira significativa. Achei então oportuno dar dicas de como se prevenir para que não encorra em erro, e tenha uma pilotagem mais segura e prazerosa.

Motor
O motor de uma moto e seus componentes internos trabalham sob intensas temperaturas – quando projetado, os engenheiros preocupam-se com essas temperaturas e planejam para que o melhor do desempenho não seja comprometido pelas mesmas – mas ajudado. Independente da cilindrada ou estilo, essas peças de engenharia necessitam atingir a temperatura ideal de trabalho antes de produzir o melhor de seu desempenho. Por isso, a maioria das motos conta com indicadores de temperatura, seja por escala ou luzes de advertência para excessos térmicos – esses, nocivos.
É fundamental que saiba como sua motocicleta funciona – familiarize-se com suas particularidades lendo o manual fornecido pelo fabricante, onde normalmente é descrito o tempo necessário de funcionamento, antes que a moto possa ser utilizada em sua plenitude. Isso não quer dizer que ela não possa ser usada assim que o motor é acionado, mas que obtem-se o melhor resultado, se a medida for adotada. Ao aquecer o conjunto motriz antes de usá-lo, garante maior durabilidade para o conjunto, proporcionando melhor desempenho e economia, por promover menor desgaste dos componentes internos. Um reflexo que facilmente pode ser notado ao se executar corretamente o procedimento, é a linearidade na aceleração – o motor que não atinge a temperatura ideal de trabalho, tende a funcionar com falhas na aceleração, por não queimar corretamente a mistura ar/combustível em sua câmara de combustão. Refere-se comumente à esse fenômeno como "motor engasgando".
De maneira genérica, um motor de moto deve ser aquecido em marcha lenta por cerca de cinco minutos antes de ser posto em movimento, dependendo de fatores como temperatura ambiente, prévio funcionamento do mesmo e recomendação específica do fabricante. O mais sensato a fazer é se ater às instruções de quem projetou o equipamento, para não errar.

Pneus
Esse é o ítem mais importante para sua segurança pessoal. O aquecimento apropriado dos pneus de uma moto garante boa estabilidade e confiabilidade em curvas e frenagens. Não aquecê-los adequadamente, sempre compromete a segurança motociclística e é componente nas quedas e colisões que acontecem nos primeiros 15 minutos de pilotagem, em contexto urbano. Se existe um ítem ao qual se deve dar especial atenção, é esse. Mais uma vez, não importa o tamanho ou cilindrada da moto, todas devem passar pelo processo de aquecimento dos pneus para que seu composto possa exercer a função para qual foi desenhado – promover aderência na medida certa.
Infelizmente, não há uma fórmula específica para se obter a temperatura ideal, mesmo porque depende de fatores como, tipo de pneu, temperatura e porosidade do solo, velocidade empregada, peso e etc. Devido a isso, cabe ao piloto desenvolver a sensibilidade para notar o comportamento que a moto tem quando com pneus frios e como atua quando estes estão na temperatura ideal.
O parâmetro que recomendo usar é o tempo, associado ao bom senso – nunca exerça limites de aderência nos primeiros instantes da pilotagem. Procure um aquecimento uniforme e gradual com o aumento do ritmo, buscando a elevação da temperatura com o gradual aumento da inclinação da moto para ambos os lados, bem como exercendo gradativamente acelerações e frenagens cada vez mais veementes.
O grande problema que todos nós sofremos é a imposição do meio operacional – em determinados contextos, será praticamente impossível obter a temperatura ideal de trabalho, exigindo que sua pilotagem reflita essa condição através de menor velocidade e maior amplitude para acomodar possíveis erros. Como exemplo, posso citar o contexto urbano em um trajeto curto, em trânsito congestionado; Nessa condição, a baixa velocidade durante o trajeto e as esperadas paradas frequentes, tornam impossível o aquecimento na temperatura ideal, estando portanto o motociclista, exposto à menor aderência e desempenho dos mesmos. Alguém poderia argumentar que nessa condição – devido a velocidade baixa – o risco também seria minimizado, mas é prudente levar em consideração que a dinâmica do trânsito tambem oferece frequentemente, janelas, onde maior velocidade pode ser impressa, colocando-se o motociclista aí em risco, por tentar aproveitar ao máximo essas possibilidades que se apresentam. Tenha em mente que o melhor desempenho dos pneus só pode ser obtido em um ambiente onde a temepratura possa ser conservada através do permanente atrito com o solo.
Leve em consideração também, o comportamento que pode ser obtido em estrada – nem todas as instâncias em estrada permitem aquecimento uniforme dos pneus. Fique atento à qualquer tipo de instabilidade ou sensação de perda de controle – pode ser que esteja estrapolando os limites de aderência dos pneus naquela circunstância.
Evite formar opiniões em caráter conclusivo – em determinada instância onde obteve um bom aquecimento, pode não se repetir em função dos parâmetros variáveis, e a imagem constituída anteriormente, só lhe servirá como base para constituir nova percepção do que está se passando no momento. Isso não o exime de ficar atento ao que a moto está lhe passando a cada etapa da pilotagem.

Freios
Assim como os pneus, freios são ítem crítico para a manutenção da segurança. Apesar de serem menos afetados pelo acumulo da caloria que os pneus, ainda assim, tem seu desempenho otimizado quando operam na temperatura adequada. Em outras palavras, têm de ser aquecidos também, para atingir o melhor de seu desempenho.
Para acelerar o processo, o motociclista pode induzir o aquecimento, mantendo contato das lonas com a panela do freio à tambor, ou as pastilhas em contato com o disco, nos freios desse tipo. Basta que durante o movimento, exerça o contato manuseando o respectivo comando, com pressão suficiente apenas para que haja uma leve desaceleração. Caso seja necessário,  pode compensá-la com maior aceleração, para manter a velocidade. O processo só deve ser utilizado por aqueles que tem pleno domínio sobre o que está sendo feito, devendo os iniciantes, ganhar primeiramente total controle sobre os freios, através de treinamento específico.

Corpo e mente
Assim como os componentes mecânicos, o corpo e a mente do piloto devem se aquecer para exercer a atividade da pilotagem. Ao contrário do automóvel, a moto necessita que seu piloto esteja fisicamente em sintoniia com o que está acontecendo em cada momento, porque cada movimento seu, traz consequências para o movimento da moto. O corpo deve ser aquecido através de exercícios físicos, como alongamentos. Ao preparar o corpo antecipadamente, corre se menores riscos com cãimbras e distenções musculares – muito comuns na pilotagem de uma moto devido a própria postura corporal e restrição de movimentos imposta.
Alongue bem as pernas, pés, braços e costas – com a maior oxigenação corporal devido aos exercícios, a mente também inicia um estado de prontidão. Mas não se deixe enganar por aparente estado de alerta – nossa percepção precisa se acostumar gradativamente à brusca mudança de velocidade que em breve acontecerá com a pilotagem. Assim que o movimento tiver início, outro ritmo terá de ser utilizado pelo condutor para poder decidir melhor sobre as situações que enfrentará dali em diante. Isso significa que tudo que puder ser feito para antecipar as diversas situações que enfrentará, deverá ser feito para aumentar a condição de segurança. Experimente fechar os olhos por alguns minutos antes da pilotagem e visualize mentalmente se inserindo no contexto pretendido. Imagine o trajeto, as possíveis dificuldades, condições do piso, o tráfego que enfrentará e assim por diante. Quanto mais realista e cheia de detalhes for sua mentalização, maior será sua concentração.
Evite a todo custo sair para pilotar com a mente imersa em problemas que nada tem com o que está prestes a acontecer. O motociclista é exigido o tempo todo e estar pensando em assuntos que não estejam ligados à pilotagem, significa que em algum instante o piloto pode se ver envolvido em uma situação onde decisão rápida tem de ser tomada, e ele ainda tem de se desligar mentalmente do que estava pensando. Por mais rápido que isso possa parecer, ainda assim custa tempo precioso diante de uma situação que facilmente pode ser emergencial. Fique sempre atento e alerta!
A pilotagem de uma moto é atividade arriscada. Use todos os recursos a seu dispor para minimizar esses riscos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Exercitando a frenagem


Saber usar corretamente os freios pode lhe ajudar em situações difíceis

Há exatos três anos, dei início a essa série de matérias relativas a segurança motociclística. A parceria com a revista Moto Adventure permitiu que assuntos da mais alta importância para o motociclista fossem abordados de maneira franca, aberta e participativa, contando sempre com idéias, perguntas e sugestões de nossos leitores e colaboradores. Agradeço, de coração, à todos que de alguma forma contribuiram com esse trabalho!

A primeira dessas matérias tratava de um assunto que sempre deve ser relembrado, pois faz parte de nossa rotina na pilotagem – o uso dos freios. Por ser de vital importância, abordo-o novamente sob uma ótica ligeiramente diferente da que fiz há três anos, dando maior ênfase à forma de execução e como treiná-la.

Componentes

São quatro os componentes que promovem a desaceleração de uma moto:

  1. Arrasto aerodinâmico
  2. Freio motor
  3. Freio traseiro
  4. Freio dianteiro
Na matéria inicial, foi tratada a estratégia de uso desses recursos e explicada sua ordem de grandeza por eficiência – agora abordo um pouco mais sobre seu uso operacional e a metodologia para seu treino.

Frenagem emergencial

A forma como decidimos operar cada um dos comandos de frenagem de uma moto é crucial para a segurança, pois além de comprometer diretamente a distância até a parada, compromete a estabilidade que a moto terá durante o processo.

Usarei como referência a frenagem emergencial – a mais crítica – por envolver falta de tempo, distância e impacto psicológico. Quando nos deparamos com essa situação, algo de errado já aconteceu – possivelmente, mais de uma coisa. É hora de manter o sangue frio e exercer o máximo de sua habilidade para não transformar uma situação difícil em catastrófica. Para que essa compostura possa ocorrer, é necessário o entendimento de que a prática é fundamental para a eficiência – e tratarei disso mais adiante.

Manuseio

Tanto o freio traseiro quanto o dianteiro possuem dois estágios em seu acionamento, uma vez que ambos os comandos possuem uma folga entre a posição de descanso do comando e o acionamento dos freios propriamente dito. Em outras palavras, a frenagem não começa assim que o manete do freio dianteiro começa a ser manuseado, mas um pouco depois em seu curso, onde ele começa a oferecer maior resistência. Com o pedal do freio traseiro acontece da mesma forma.

Torna-se então importante notar, que é relevante como manuseamos os comandos durante esses estágios, pois tratá-los como sendo ação única, traduz-se em rápida perda de controle da roda, por travamento. Chamamos isso no motociclismo de "alicatar" o freio, devido a semelhança no manuseio da ferramenta. Quem já passou pela experiência, pode relatar a sensação desagradável da eminência de uma queda, por ter travado prematuramente a roda dianteira – simplesmente, perdeu-se a direção da moto.

Mesmo sendo o tempo crucial, o piloto deve cumprir essa folga de comando de maneira suave, para que o contato inicial também o seja. Através desse contato inicial com os freios suavizado, evita-se o travamento das rodas e os freios podem exercer a função de desacelerar o movimento, por promoverem maior atrito dos pneus com o solo com o qual estão interagindo. Um pneu que esteja derrapando, não possui a mesma capacidade de frenagem de um pneu que esteja rodando sobre o solo em processo de desaceleração. Assim sendo, jamais a distância de frenagem de uma roda travada, será inferior a de uma que tenha sido trabalhada em movimento de rotação sobre o solo, e esse é o princípio que rege a construção de freios com ABS – sistema que evita esse bloquieo das rodas.

Assim que o contato com o freio é atingido, existe uma mudança no manuseio, passando a ser firme, enérgico e ao mesmo tempo, progressivo. O quanto de energia aplicada depende de uma série de fatores, como velocidade, distância para frenagem, peso da moto, capacidade dos freios, aderência do solo, entre outros. Como pode ver, muitos são os elementos que devem ser julgados pelo piloto de uma moto ao executar uma frenagem emergencial.

A pressão sobre o comando deve crescer, objetivando identificar o limite de aderência de um dado pneu sobre a superfície em questão. Normalmente, os pneus oferecem comportamento bastante comum à diferentes tipos de motos – quando no limiar, tendem a emitir um som estridente no asfalto e abafado  em terra ou superfícies lisas. Normalmente a sensação que acompanha é de um "quicar" da roda por sobre o pavimento, alertando o piloto de que está prestes a derrapar. A excessão (à regra) são as supefícies extremamente lisas, como gelo, ou contaminadas por fluídos, como óleo ou diesel – nessas quase não existe alerta para o travamento.

Como e porque proceder

Por serem tantas as situações, e tão diferentes umas das outras, é necessário que o motociclista experimente diferentes comportamentos em diversas instâncias.

A melhor técnica é utilizar-se do freio traseiro inicialmente, procurando atingir o ponto de travamento daquela roda. A perda de atrito na roda traseira não compromete significativamente o equilíbrio ou dirigibildade da moto, uma vez que não atinge a roda que lhe dá direção e controle sobre a inclinação. Uma vez experimentado, pode-se passar ao freio dianteiro, lembrando-se que esse sim, é crítico. Seu manuseio equivocado ou exagerado, quase sempre resulta em queda.

Se não constituir experiência de comportamento que sua moto tem em diferentes pavimentos e situações, não estará apto a exercer o melhor de si em uma situação real de emergência. Abro um parênteses aqui, para dizer que a aviação tem os mais baixos indices de acidentes, porque as tripulações são exaustivamente treinadas na questão emergencial – preparando devidamente os envolvidos, até sob ótica psicológica, para uma eventual realidade. Seguindo o mesmo princípio, nós motociclistas, deveriamos adotar essa política de treino, para garantir o conhecimento necessário e aptidão prática – a nossa realidade prevê que, muito provavelmente, teremos de utilizar esse conhecimento em alguma instância.

Escolhendo lugares

Para que possa exercitar suas frenagens em diferentes ambientes é preciso que esteja em sintonia com o meio, e produza apenas o necessário, sem que isso tenha qualquer impacto para os demais usuários da via em que opera. Para tanto, regras são fundamentais:

  1. Escolha diferentes trechos em linha reta – experimente o comportamento em pavimento plano, bem como subidas e descidas. Por uma questão de segurança, evite fazê-lo em curva. Os riscos nessa situação são maiores, mas ainda assim, educativos.
  2. Certifique-se de não comprometer a segurança de qualquer outra pessoa, exercitando-se quando não houver ninguém por perto. A manobra de frenagem pode ser mal interpretada, tanto por usuários quanto por autoridades. Tenha em mente que uma brusca mudança de velocidade presenciada por alguém, pode assustar e implicar em atitude, que pode comprometer uma pessoa que não tenha ciência de sua intenção.
  3. Experimente os mesmos lugares em diferentes condições – lembre-se que pneus, pastilhas, discos ou lonas sofrem desgaste e acarretam comportamento diferenciado ao longo do tempo. Você deve ter a oportunidade de sentir essas nuances para que possa obter o máximo de desempenho em uma frenagem tida como emergencial. Da mesma forma, note que pneus frios e quentes também tem comportamentos distintos, perfazendo distâncias singulares em frenagem.
  4. Temperatura e umidade do pavimento também afetam as distâncias de frenagem assim como a velocidade, portanto, trabalhe esses aspectos também, para se educar de que forma afetam o desempenho dos freios de sua moto.
ABS (Anti-lock Braking System)

O sistema anti-travamento das rodas que cada vez mais está presente em nossos veículos, também pode ser encontrado em uma boa gama de motocicletas. Apesar do sistema ser desenhado para não deixar as rodas travarem, independente da pressão que se exerça sobre seu comando operacional, é preciso que o usuário se familiarize com essa característica  e se eduque quanto ao comportamento que a moto terá quando o sistema estiver sob uso. Com o sistema ativo, o limite de aderência dos pneus não pode ser atingido, e assim, qualquer que seja a pressão, o travamento não ocorrerá. Mas mesmo assim, usar a técnica de manuseio dos freios para motos sem esse dispositivo, pode gerar mais confiança ao usuário e retardar o acionamento do ABS. O mesmo vale para motos que ainda contam com combinação de freio dianteiro e traseiro em um único comando – testar e  experimentar são as palavras de ordem.

Conclusão

Uma frenagem bem feita pode ser a diferença entre colidir e não colidir contra um obstáculo – é de suma importância seu treino exaustivo. Procure praticar pelo menos uma frenagem desse tipo a cada saída que der com a moto. Se não for viável, programe-se para fazê-lo com regularidade. Além de deixar os reflexos polidos, a mente aguçada e o equipamento aquecido para um acontecimento real, vai lhe educar quanto a diferentes pavimentos.

Não se esqueça de sempre preservar a vida, colocando a segurança em primeiro lugar. Nunca ofereça risco à outros, e quando executar o procedimento, esteja sempre totalmente equipado, portando capacete, jaqueta, luvas e calçados próprios para o motociclismo.

Bom treino!