O aumento de ciclistas nas grandes
metróples exige cuidados especiais
Todos tem notado uma maior presença de
ciclistas em nossas tumultuadas ruas, e o consequente aumento de colisões
envolvendo os mesmos. O fenômeno, que pode inicialmente parecer presente apenas
nas grandes cidades, atinge também cidades de menor porte, ilustrando uma
tendência cultural.
Parece que a onda do "verde"
somada às dificuldades no transporte pessoal e a preocupação com o bem estar
físico, deram um impulso para uma utilização mais ampla desse tipo de veículo.
Apesar de motociclista convicto e juramentado, apoio categoricamente essa
expansão – desde que também venha com regras para o uso, (o quanto antes), pois
tem potencial para se transformar em mais um problema de saúde pública. Se é
que já não é.
A falta de regras quanto a deveres e
privilégios faz com que cada um aja da maneira como acha que pode, ou deve, se
comportar. Uma observação interessante – pelo menos em São Paulo – é a constatação de que a maioria que optou por
usar esse veículo no dia-a-dia, também é motorista. Talvez em função disso,
usem a bicicleta com total desrespeito ao bom senso, descontando no meio urbano
todas as frustrações do engessamento que sofrem quando presos em um carro. E
sem a possibilidade de serem punidos legalmente.
Basta andar por alguns quilômetros pela
cidade para encontrar ciclistas atravessando semáforos fechados, misturando-se
à pedestres em alta velocidade, costurando entre carros e tentando andar em
corredores junto com as motos – e ainda usando fones de ouvido. Será que as
ruas ganharam outro vilão? A falta de velocidade frente ao meio em que operam
somada a alta capacidade de manobra, faz com que frequentemente se coloquem em
posição desconfortável, pois a maioria do tráfego acaba por incidir pelas suas
costas, sem visão para o ciclista. Do ponto de vista técnico, seria muito
melhor pedalar contra o fluxo de veículos, pois pelo menos dessa forma,
retêm algum controle sobre o ttráfego,
devido a esse incidir dentro do seu campo de visão.
Até que as autoridades definam
claramente como esse veículo deve operar no contexto do trânsito, temos todos
de lidar com a situação da melhor maneira possível. Para nós motociclistas, as
bicicletas também oferecem risco considerável e agora entram na lista como mais
uma preocupação que devemos ter quando planejamos nossa pilotagem.
Atenção
redobrada
Se nossa atenção já era exigida
substancialmente, agora tem de ser dobrada. Com o trânsito em movimento ao seu
redor, mantenha uma velocidade apenas ligeiramente superior à média que o meio
está produzindo no momento. Assim deterá o controle sobre as ultrapassagens, podendo
concentrar maior atenção visual àquilo que acontece dentro de seu campo de
visão.
Muito cuidado em ambientes
congestionados – pedestres e ciclistas se misturam e aparecem de lugares menos
prováveis, obrigando-nos a manobras defensivas. Estenda seu ângulo de visão
movimentando a cabeça lateralmente em pelo menos 45° para cada lado. Em um
ambiente congestionado, o ciclista e o pedestre tem praticamente a mesma
altura, podendo ser confundidos, pois boa parte não usa equipamentos de
proteção que os distingua quando misturados aos carros, e as bicicletas ficam
ocultas pelos veículos maiores.
Em ambientes mais velozes, como avenidas
de fluxo rápido ou estradas, fique atento a espaços onde haja circulação de
pedestres, como nas proximidades de cruzamentos ou nas imediações de lugares
povoados. Muito provavelmente encontrará também ciclistas. Em ruas comuns,
prefira a posição central da via em relação às extremidades – permite melhor
visão das bordas além de permitir ser visto mais facilmente. Em última
instância, também cria maior distanciamento de uma possível interferência com
sua trajetória.
Ao se deparar com um ciclista à sua
frente, pedalando na mesma direção que você, dê ciência de sua presença com um
leve toque na buzina, mas principalmente, diminua a velocidade para
aproximadamente a mesma que o ciclista esteja desenvolvendo. Se ele mudar de
direção ou de alguma forma interferir com sua trajetória, a falta de velocidade
entre ambos provavelmente evitará uma colisão. Ao ultrapassar, mantenha o maior
distanciamento possível e velocidade que lhe permita abortar a ação, caso seja
necessário. Somente ultrapasse se tiver razoavel certeza que o ciclista lhe
tenha visto ou por suas atitudes, reconhecer que tenha ciência de sua presença.
Mantenha-se o mais distante que puder de
qualquer ciclista e em qualquer situação – quanto maior o espaço entre ambos,
maior será o tempo necessário para que possam colidir, possibilitando mais
tempo também para racionalizar qual o melhor curso de ação.
Tenha em mente que o ciclista tem
prioridade sobre outros veículos no trânsito obrigando-lhe sempre a priorizar a
capacidade de manobra desse veículo. Jamais dispute espaço com uma bicicleta,
pois todos perdem e será sempre considerado culpado, caso haja algo que poderia
ter feito para evitar um contato. Em suma, seja paciente.
Com o crescente aumento de casos
envolvendo bicicletas, talvez os
motociclistas deixem de ser considerados os maiores vilões do trânsito –
a não ser que contribuamos também para esse problema. Por isso, faça sua parte
e todos ganharão no final.
"Pilote sempre equipado. Sua
segurança depende de suas atitudes."
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