segunda-feira, 23 de julho de 2012

Freios ABS


Saiba como utilizar corretamente os freios dotados de ABS

O sistema de freios antitravamento conhecido como ABS (Anti-lock Braking System) é um dos recursos mais importantes para a segurança, tanto do motociclista quanto do motorista de um carro.
Boa parte das colisões acontece por uso indevido dos freios de um veículo. Assim que as estatísticas apontaram para esse lado, a indústria automotiva tratou de inventar um sistema que ajudasse o motorista – e logo depois também o motociclista – no momento de uma frenagem emergencial. Nessa circunstância, ficou patente que a maioria dos motoristas e motociclistas não conseguia produzir uma frenagem de máximo desempenho (1) no momento de uma emergência, tendendo a exercer pressão demasiada nos comandos operacionais, resultando em travamento das rodas. No caso dos carros, o resultado era deslizamento inercial na direção que o carro se encontrava quando os freios foram aplicados. No caso das motos, quase sempre o resultado era a queda por conta do travamento da roda dianteira.
O sistema ABS foi desenhado para evitar esse travamento permitindo que o usuário do veículo mantenha o controle direcional por não travar as rodas durante o processo de frenagem. Se ganha, assim, a possibilidade de manobrar e eventualmente não colidir com um obstáculo.

Como funciona
De maneira genérica, o sistema funciona combinando sensores e válvulas para não permitir que uma roda perca o movimento. Um sensor apontado para um disco raiado fixo à roda faz a leitura da rotação, buscando variações de velocidade significativas. Assim que detecta uma brusca mudança de velocidade da roda, o sistema passa a liberar a pressão excedente exercida no comando do freio, evitando assim o travamento daquela roda. A sensação que se tem, tanto no pedal de freio quanto no manete é de certa pulsação – promovida pela abertura e fechamento das válvulas que liberam a pressão hidráulica excedente.

Processamento
O ABS transformou a vida de motoristas e motociclistas, pois quedas ou colisões por mau uso dos freios praticamente deixaram de existir em veículos dotados com o sistema. Mas nem tudo são flores, e como toda nova tecnologia, está sujeita a falhas, o ABS também teve as suas. Os primeiros utilizavam processadores muito lentos, que interferiam na frenagem fora do compasso necessário, causando mais riscos que benefícios durante as freadas. Outros iniciavam seu funcionamento bem antes da iminência de travamento, subutilizando os recursos de aderência dos pneus.
Os sistemas mais modernos corrigiram boa parte dessas falhas, mas ainda assim, o ABS precisa ser usado de forma adequada para se obter os melhores resultados. Veja como:

Como proceder
O momento mais delicado na operação de frenagem é o momento inicial – quando o respectivo comando é acionado. Como as frenagens emergenciais se apresentam sempre com ausência de tempo, a tendência do usuário é responder prontamente em um movimento quase sempre brusco no comando. A falta de delicadeza nesse momento inicial combinada à pressão exercida é o motivo do travamento da roda, na maioria dos casos. No caso do ABS, a prematura ação do sistema. É preciso, então, que esse momento inicial do processo de frenagem seja suavizado, para que as pastilhas obtenham o contato com o disco de maneira menos brusca, evitando o “pinçamento” do disco, que acarretaria no travamento daquela roda. Isso é obtido com o manuseio mais cuidadoso e ponderado do respectivo comando, cobrindo primeiro a folga que compreende entre a posição de descanso e a de frenagem, do manete ou pedal. Assim que se encontra maior resistência no comando é quando a frenagem está de fato se inicializando. Nesse momento, a pressão deve ser intensificada, e progressivamente incrementada, mas sem ser brusca.
Se durante a frenagem o ABS começar a funcionar, indica que a pressão exercida no comando é excessiva. Nesse momento, o usuário pode aliviar um pouco a pressão no comando, retomando-a logo em seguida, de forma a modular a intensidade exercida. Na maioria das instâncias é obtida uma excelente frenagem com equilíbrio e pouca distância percorrida.
Também é importante notar que a ação requer que em determinado momento a atenção sobre o comando do freio seja desviada para a ação necessária no guidão, ou volante, no caso do carro. Durante a frenagem deve-se exercer a capacidade gerada para a mudança de trajetória, ganhando a oportunidade de evitar o obstáculo causador da frenagem.

Atenção!
Como todo sistema passivo – aquele que requer a ação do usuário – o ABS também pode se enganar ou ser induzido ao erro por diferentes circunstâncias. É preciso estar atento a esses eventos especiais para poder contrapor-se em momento apropriado.
Como a atuação do ABS depende da leitura de velocidade das rodas, nota-se, obviamente, que o terreno percorrido tem o poder de influenciar o sistema. Terrenos ondulados, ou de alguma maneira disformes, podem promover pequenas variações na velocidade que as rodas têm quando estão passando pela imperfeição. Essa diferença pode ser interpretada como perda de tração, prontificando o sistema para uso. Assim que o manete ou pedal é manuseado, mesmo que delicadamente, o sistema já está atuando, e dessa forma, realizando uma tarefa que naquele instante é desnecessária ou indesejada. Apenas a experimentação em diversas circunstâncias pode educar o usuário quanto ao funcionamento do ABS em seu veículo. Deve-se experimentar frenagens em aclive, declive, terrenos ondulados e instáveis – como terra batida, por exemplo. Para se exercitar, certifique-se de não oferecer qualquer tipo de risco a outros usuários da via. Pessoas que por ventura vejam seu treinamento podem interpretar equivocadamente seus atos gerando risco, tanto para você, quanto para si mesmas. Reserve essa experimentação para ocasiões quando pode ter relativa certeza de não afetar outros ou o meio onde opera. Mas de maneira alguma deixe de fazê-lo. Pode em alguma instância ser confrontado com uma situação que potencialmente não oferece risco, mas por interpretação errada do sistema, lhe assustar na hora do manuseio do freio, e o susto, gerar risco de colisão ou queda.
Experimente sempre o freio traseiro primeiro, uma vez que essa roda tem tendência ao travamento mais cedo que a dianteira, na mesma circunstância. Dessa forma poderá verificar o funcionamento do ABS e se educar quanto a diferentes terrenos e condições – e como eles afetam o funcionamento desse dispositivo. Bom treino!


(1)   - Frenagem de máximo desempenho é aquela onde todos os recursos são utilizados em seu máximo para promover a frenagem no menor espaço e tempo possíveis.

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