segunda-feira, 25 de março de 2013

Armadilhas urbanas


A sinalização horizontal tem grande potencial de risco para o motociclista – saiba como se prevenir.

Pilotar uma moto em um ambiente que foi idealizado para o automóvel é no mínimo desafiador – são inúmeros os obstáculos e dificuldades. Quando o pavimento se encontra molhado é ainda pior, pois intensifica a complexidade.
Nesta época do ano de chuvas constantes é muito provável que em algum momento seja pego pela situação de ter de pilotar sua moto na chuva – mesmo a contragosto.
Como já foi tratada aqui, a pilotagem urbana e na chuva tem de ser exercida de maneira extracautelosa e conservadora, e ainda assim, riscos existem e são consideráveis. Nesta matéria terá a oportunidade de rever quais as principais armadilhas para o motociclista no contexto urbano e como se precaver quanto a elas.

Sinalização horizontal
As faixas, setas, e quaisquer outras indicações pintadas no solo fazem parte da sinalização horizontal de uma via. Por serem pintadas, agregam ao asfalto camada de material diferente dele próprio constituindo risco de perda de aderência dos pneus quando interagem com este material. Quando o pavimento está molhado a situação é ainda mais crítica, pois estas faixas molhadas são muito escorregadias. Além das diversas faixas, existem as “tartarugas”, blocos de diversos materiais destinados a fazer a separação de ambientes na via. Enquanto constituem pouco risco para um carro, para nós motociclistas são extremamente perigosos por constituírem obstáculo que pode gerar perda de controle da moto.

Planejamento de interação
Tudo que é diferente do asfalto deve ser considerado pelo motociclista como perigoso, pois muito provavelmente não possui o mesmo atrito de asfalto puro. Com a quantidade de faixas e sinalizações pintadas no solo é quase impossível driblar cada uma dessas armadilhas para os veículos dependentes de equilíbrio. O jeito então passa a ser interagir com elas de maneira a preservar o equilíbrio e a segurança.
Via de regra, tente sempre evitar passar por cima das faixas pintadas em qualquer situação, mas se não for operacionalmente viável, opte por manter uma trajetória reta, evitando fazer uso de inclinação da moto. Se a interação se dá obrigatoriamente durante uma curva, exerça a menor velocidade possível, o que também implica na menor inclinação possível, tentando sempre cruzar com essas faixas o mais equilibrado que conseguir.
Tente encontrar um ritmo de velocidade no meio urbano que seja condizente com o que está sendo praticado naquele momento, evitando assim destoar da maioria ao seu redor. Esta medida também permite que o ritmo de deslocamento seja bastante uniforme, evitando ao máximo as aceleradas e frenagens bruscas. Quanto mais uniforme o movimento, melhor.
Procure olhar o mais distante que der, estabelecendo assim a trajetória que contenha a menor quantidade possível de interações. Evite concentrar sua atenção e visão muito próximas da moto – dessa forma acaba tendo pouco tempo para avaliar cada seguimento, tornando o movimento “picado”, sem uniformidade.
Planeje cada etapa de seu deslocamento para que não tenha de tomar decisões quando o tempo já é curto e a situação de aderência comprometida. Se ainda assim se vir em situação de ter de frear estando encima de uma dessas sinalizações, faça a frenagem de forma mais delicada que conseguir, tendo em mente que qualquer atitude brusca nos comandos pode comprometer a aderência dos pneus. O segredo é ser suave em cada gesto. Quanto menor a velocidade, melhor. Mas fique atento – se destoar do que está sendo praticado pela maioria ao seu redor, terá de lidar com considerável volume de problemas acontecendo atrás de si, portanto, fora de seu ângulo de visão natural.

Opacidade do pavimento
Além da sinalização horizontal, o contexto urbano reserva outras armadilhas ao motociclista. Remendos no asfalto, buracos e placas metálicas cobrindo pequenas obras, são exemplos. Observe atentamente a opacidade do pavimento em que esteja circulando. Escolha sempre trechos que lhe parecerem mais opacos em relação a outros que aparentarem ser mais brilhantes, reflexivos. Toda superfície mais brilhante tem tendência de ser menos aderente, portanto, mais perigosa para nós. Observe também que mesmo na chuva, o pavimento molhado tem diferentes opacidades. Escolha sempre aquele que aparentar ser menos reflexivo.

Valetas e lombadas
Tenha particular atenção ao cruzar valetas ou lombadas, pois ambas as circunstâncias implicam em mudança de peso para cada roda podendo gerar algum desequilíbrio. Opte por cruzar com esses obstáculos tentando baixar o centro de gravidade da moto por ficar mais firmemente apoiado nas pedaleiras, se sua moto permitir. É a força que faria para tentar ficar em pé no estribo, mas apenas descolando ligeiramente o corpo do banco da moto. É o suficiente para garantir melhor equilíbrio ao transpor esse tipo de obstáculo.
Em dias de chuva, valetas tendem a acumular água em sua parte mais baixa, não permitindo visão clara de sua profundidade. Observe as margens próximas ao calçamento para ter uma ideia de quão profunda pode ser a valeta, mas tenha consciência que isso não é garantia de que de fato seja como imaginou. Se não tiver certeza, não ultrapasse – aguarde até que outro veículo passe, e pela forma como tenha passado, lhe dê uma posição mais precisa da profundidade.
Proceda de forma semelhante com obstáculos elevados, como lombadas. Boa parte das mesmas também é pintada, oferecendo risco de perda de atrito ao passar por elas. Ao deslocar o centro de gravidade mais para baixo, obtém-se melhor equilíbrio encima da moto, minimizando o risco de queda. Sempre cruze esses obstáculos perpendicularmente. Evite a todo custo transpô-los diagonalmente, pois correrá maior risco de desequilíbrio nessa circunstância. Evite mudanças na velocidade ao transpor qualquer desses obstáculos – acelerações e frenagens nestas circunstâncias delicadas não são bem vindas. Obtenha tal velocidade que lhe garanta o controle da moto, sendo preferencialmente baixa, mas que de qualquer maneira lhe seja confortável para a execução da manobra.

Com um pouco de atenção, não permitirá que estas armadilhas urbanas afetem sua condução, e quando tiver de lidar com as circunstâncias descritas, procure ser preciso e uniforme. Com o tempo e a prática, os obstáculos serão mais facilmente administrados.

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