segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Viajando desacompanhado


Viajar sozinho pode ser uma opção para lazer aventureiro

Viajar de moto tornou-se algo muito menos complicado hoje em dia, em função da larga gama de recursos disponíveis para facilitar todo o processo. Com GPS, celulares inteligentes e internet, ficou mais fácil encarar os desafios da estrada, seja sozinho, seja com um grupo de amigos. Mesmo assim, alguns motociclistas ainda têm certas restrições quanto a uma aventura solo. Não se sinta obrigado a viajar em grupo apenas por receio de ir sozinho, nem veja uma viagem solo como um ato de egoísmo. Trata-se de uma experiência distinta quanto a sensações sendo também uma oportunidade de autoconhecimento.

É comum que as viagens de moto mais longas - como uma "volta ao mundo” ou mesmo “Alaska x Ushuaia”, por exemplo – sejam, em sua maioria, viagens solo. Muito provavelmente, a maior dificuldade seria encontrar parceiro de viagem com tempo e orçamento disponíveis. Mas ninguém se atiraria numa aventura de 20.000 ou 30.000 quilômetros sozinho, se não gostasse. Não encare uma viagem solo apenas por falta de opção ou falta de parceiro, você deve gostar da situação de estar só. Tem de estar confortável com essa situação, ou então, a viagem será um martírio para você. Não vale à pena.

Nas viagens solo, existem duas possibilidades extremas: adorar a situação ou sentir um profundo desprazer em pegar a estrada sozinho. Faça um exame de consciência antes de lançar-se a uma grande aventura. A palavra final deve vir da sua consciência dizendo convictamente se você está interessado e preparado para sair numa viajem solo. Em caso de duvida, não vá. Seu ego não pode estar em primeiro lugar numa aventura assim. Seja prudente e conheça seus limites antes e durante a viagem.

O perfil do motociclista que viaja sozinho geralmente é de alguém mais desbravador, aventureiro, sem que isso seja sinônimo de irresponsável, mas consciente de seus limites e ansioso por conhecer pessoas, culturas e lugares novos. Uma viagem solo combina muito com quem gosta de "engolir" quilômetros, rodar por longos períodos e passar por muitos lugares diferentes. A falta de um companheiro de viagem, nos deixa mais atento ao que acontece ao nosso redor e nos aproxima mais das pessoas e culturas das diversas localidades pelas quais passamos.

Numa viagem solo, a pilotagem defensiva deve ser levada ao extremo. Você não pode errar – e cair, é inconcebível!!! Seguindo este raciocínio, o planejamento fica em evidência – quanto mais informações reunir sobre seu itinerário, em melhor posição estará para decidir sobre coisas que eventualmente podem diminuir sua segurança.
Entre as vantagens de uma viagem solo, a principal é a concentração exclusiva na estrada, sem necessidade de se preocupar com parceiros de viagem. Em todos os instantes a sua concentração é exclusivamente sintonizada entre a sua pilotagem e o cenário ao redor. Você faz seu ritmo naturalmente sem preocupar-se com ultrapassagens coletivas, ir ao encontro ou esperar seus companheiros. Sem duvida, a viagem solo mostra um “rendimento” diário superior ao de uma viagem em grupo. (Por motivos óbvios: apenas uma moto para abastecer, apenas um piloto para se alimentar, etc.).

Um dos problemas notados nesse tipo de aventura pode ser a dificuldade na tomada de decisão perante imprevistos. O diferencial de uma aventura solo é ter que decidir tudo sozinho - sem contar com a opinião de um parceiro de viagem num instante de dúvida. Costuma-se dizer que "quando tudo dá certo, é ótimo viajar sozinho, quando algo dá errado, é melhor estar acompanhado". Como estará sozinho, escolha bem onde estacionar a moto mantendo-a sempre ao alcance de sua visão. Outro ponto delicado: fique de olho em sua saúde! Necessidades específicas como alergias, uso de medicações controladas, problemas cardíacos, etc. devem ser consideradas com responsabilidade antes de uma aventura solitária longe de casa.

Ainda durante o planejamento, analise se em outras situações, você já esteve tanto tempo longe da família ou de sua rotina. Os primeiros dias são naturalmente agradáveis, mas relatos mostram que depois de 15 dias de viagem, fatores psicológicos como saudade e insegurança começam a se fazer notar de forma mais contundente. A maioria das pessoas a nossa volta - família, amigos, etc. - quase sempre é contrária a esse tipo de viagem, pois, sempre ficam evidenciados os aspectos ruins e imprevistos. Claro que, como em todas as situações do nosso dia a dia, existem os pros e contras. Acreditamos que o mais importante é acalmar e tranquilizar essas pessoas através da ciência de seu exaustivo planejamento, para que saibam que nada esta sendo feito de forma impulsiva ou irresponsável. Sem duvida, essa tarefa também será um desafio a ser superado por você.

O relacionamento entre você e sua moto numa viagem assim é levado ao extremo. É preciso confiar na sua máquina e ter um bom conhecimento sobre ela. Mesmo que você não entenda muito sobre mecânica, recomendamos uma revisão detalhada e uma conversa franca com seu mecânico de confiança, que lhe orientará sobre os cuidados e a utilização correta da sua motocicleta, ou até como efetuar pequenos reparos.

Recomendamos que você adote uma postura conservadora para a pilotagem – estando só, a atenção deve ser redobrada quanto a condições adversas de via, clima, trânsito, etc. Pilotar moderadamente, nunca exigindo demais da sua moto também vai lhe proporcionar um deslocamento seguro, aumentando muito as chances de sucesso na viagem. Não se preocupe em levar peças de reposição se você não tem o conhecimento para trocá-las. Sugerimos apenas um kit de manutenção de pneus e ao menos as ferramentas que vem junto com o kit básico de sua motocicleta.

Torne-se visível perante o meio em que transita – um grupo é mais fácil de ser visualizado que apenas uma moto. Sempre trafegue com as luzes acesas, independente de ser dia ou noite. Posicione-se na via de forma a ficar em evidência e evite a todo custo transitar escondido por outro veículo. Use recursos extras como etiquetas reflexivas para aumentar a capacidade de ser identificado por outros na via. Se for viável, evite pilotar à noite.
Outros cuidados também são relevantes – nas conversas com estranhos, evite dar informações sobre sua rota ou detalhes sobre sua viagem. Uma mentirinha nessas horas pode lhe deixar menos vulnerável.

Esteja sempre bem acompanhado de você mesmo. Sua autoestima é a melhor parceira de viagem. Nas dificuldades, procure sempre pelo lado positivo, concentrando sua atenção na solução do problema que se apresenta. Ficar se lamentando de eventual falta de sorte não leva a lugar algum. Ouça sua voz interior e respeite seus receios. Eles podem ser o seu instinto de sobrevivência se manifestando.
Não se esqueça de levar um tripé e a câmera filmadora ou fotográfica. Ela será a única testemunha das suas aventuras, caso alguém duvide dos seus incríveis relatos. Boa viagem!


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