sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pilotando no exterior – Parte 1


Dicas de pilotagem e comportamento em outros países

Vivenciamos uma ótima fase na economia brasileira, o que tem nos permitido viajar ao exterior com mais facilidade e freqüência. Quando estamos além de nossas fronteiras, percebemos uma notável diferença no que diz respeito ao trânsito, principalmente
pelos hábitos dos motoristas e motociclistas. Nessa série de reportagens, abordaremos a convivência de “locais” e turistas, nos principais países latino americanos, bem como costumes no trânsito da América Central, do Norte e alguns países da Europa.

Na maioria dos países que nos cercam, o trânsito tem características diferentes que devem ser respeitadas e quando positivas, copiadas, a fim de um bom convívio entre as partes. Essas diferenças se estendem também ao comportamento dos nossos vizinhos quando avistam viajantes de motocicleta. Antes de tudo, queremos deixar claro que o que impera, em qualquer situação e em qualquer país, é a regra do bom senso - trate os demais como quer ser tratado: com educação, respeito e gentileza. Sempre.
À seguir, comentamos algumas dessas diferenças regionais notadas em nossas viagens, começando pelos nossos vizinhos sul-americanos.

A Argentina é um país com população muito amigável, o povo argentino, em sua maioria, é educado, cordial e está sempre disposto a ajudar, seja com uma informação importante ou mesmo com respostas e dicas que julgam nos interessar. Lembre-se de deixar o estereótipo criado pelo nosso "preconceito futebolístico" do lado de cá da fronteira e tenha sempre um sorriso no rosto, que você será muito bem tratado. O povo argentino demonstra curiosidade sobre nossas viagens, nosso roteiro, o que nos levou a viajar de moto pelo país deles, com um interesse genuíno e sincero.
Nas estradas, os motoristas que trafegam em sentido contrário, constantemente   lampejam seus faróis para nós. Diferentemente do que ocorre no Brasil, onde usamos esse recurso para sinalizar algum bloqueio na estrada à frente, eles o fazem apenas para nos cumprimentar. Quando for parado em bloqueios de estrada por policiais argentinos, pare no meio da pista. Só se dirija ao acostamento se o policial assim indicar.
Motociclistas argentinos costumam, em sua maioria, trafegar pela direita da pista (acostamento) quando o trânsito de veículos maiores está parado ou lento, lembre-se disso e, sempre que estiver trafegando pela esquerda, faça-se notar com buzinadas ou lampejos de farol.
Em vários países da América Latina, inclusive na Argentina, caminhoneiros costumam dar seta para a esquerda quando a ultrapassagem pode ser executada, e para a direita quando não se puder ultrapassar. Fique muito atento, pois isso é exatamente o oposto ao que estamos acostumados no Brasil. O costume remonta ao tempo em que caminhões tinham a seta esquerda verde, e a direita, vermelha.
Procure seguir atentamente as normas de trânsito, evitando ser incomodado pelos policiais argentinos, nem sempre interessados em aplicar multas - eventualmente podem estar querendo receber propinas. Existem relatos desse tipo.

Trafegar de moto no Uruguai é muito tranqüilo. Suas estradas quase sempre possuem pouco tráfego de veículos, e as paisagens, são muito bonitas. Nunca se esqueça de rodar sempre com o farol da moto ligado, que, apesar de ser obrigatório também em outros países, é um ítem que no Uruguai recebe atenção especial dos policiais. A frota uruguaia, especialmente no interior, tem motos bastante antigas, o que não impede seu povo de ter grande afinidade e interesse pelo motociclismo. O Uruguai é um país com uma densidade demográfica baixa, possui cerca de três milhões e meio de habitantes e aproximadamente a metade deles está localizada na capital, Montevidéu. Por isso, fique atento para não depender de ajuda nas diversas “rutas” que cruzam o país - pode ser difícil encontrar alguém, ou lugar especializado, para ajudá-lo. O povo uruguaio também é muito gentil e educado, apesar de ser um pouco menos expansivo e alegre que o povo argentino no trato com o turista.

Os hábitos dos motoristas paraguaios se assemelham bastante aos dos brasileiros.. A malha viária conta com estradas medianamente movimentadas, que privilegiam a passagem por dentro das suas principais cidades. Apesar de seu tamanho reduzido, o Paraguai conta com uma boa rede de postos de combustíveis. Alguns colegas viajantes relataram problemas com as autoridades locais nos inúmeros postos de fiscalização à beira das estradas, do mesmo modo que outros, disseram não terem tido problema algum em rodar por este país. Não tome por base que o Paraguai, como um todo, seja igual à desorganização que se nota em Ciudad del Este. (Na fronteira brasileira). Em termos de desenvolvimento, pode-se dizer que, se afastando mais da área fronteiriça, se assemelha aos nossos outros vizinhos.

O Chile é um país de contrastes, por isso mesmo possui características muito distintas entre norte e sul.  A região metropolitana da capital Santiago é cosmopolita, possuindo os prazeres e as agruras de qualquer cidade grande - inclusive no trânsito. Ao mesmo tempo em que os motoristas param virtualmente em todas as faixas de pedestre quando alguém está atravessando, são adeptos a buzinar com mais intensidade do que nós, brasileiros, julgamos adequado. Não se incomode com as buzinas, os motoristas não estão “brigando” com você - é apenas um hábito diferente do nosso. Seu povo é extremamente educado, polido e cordial, mas sem aquele  “calor latino” que encontramos em "casa" ou em nossos países fronteiriços, como Argentina, Paraguai e Uruguai. As estradas chilenas estão quase sempre em excelente estado de conservação e as chamadas “autopistas”, são sempre pedagiadas. Muitas vezes, os valores estão acima do razoável e as estações de pedágio muito próximas umas das outras, portanto, recomendamos paciência e bom humor - lembre-se que está de férias. O Chile é cortado de norte à sul pela Ruta 05, a Rodovia Panamericana. As estradas viscinais, que levam às cidades do interior chileno, saem da Ruta 05 serpenteando para cima em direção aos Andes, ou para baixo, em direção ao oceano Pacífico. As estradas menores apresentam-se em bom estado de conservação, bem sinalizadas e levam, muitas vezes, a lugares e cidades pitorescos e que valem a visita.
Os “carabineros” - policiais chilenos - são um caso à parte. São extremamente idôneos e rígidos no cumprimento da lei, por isso, não tente usar o famoso “jeitinho brasileiro” em situações onde tenha cometido uma infração - acate sua punição para evitar piorar a situação. As placas de parada obrigatória “Pare ou Alto!” são cumpridas a risca, mesmo não havendo fluxo de veículos. Pare por completo ao ver uma dessas placas, retomando o movimento em seguida.

Os Bolivianos costumam respeitar datas religiosas e feriados. Evite rodar nesses dias. A polícia sempre atua repreensivamente mesmo sobre turistas. Na Bolívia esteja preparado para pagar um sobre-preço no combustível, por ser turista. Como a gasolina é barata, os postos cobram mais dos estrangeiros, mesmo estando de moto.Evite situações de "disputa" no trânsito, pois em geral, o motorista boliviano não gosta de se sentir "passado para trás". Dirija sempre defensivamente. Cuidados redobrados devem ser tomados perto e/ou nas entradas das grande cidades bolivianas, pois, principalmente em horários de pico, o trânsito torna-se bastante desorganizado e caótico, chegando a expor motociclistas a situações de bastante periculosidade. Para os bolivianos é comum a cobrança de “pequenas propinas” por alguns policiais - é quase uma instituição, que eles chamam de “la contribuicion”. Basta ter poucos bolivianos (moeda local) previamente separados no bolso, caso lhe sejam solicitados. É mais fácil que tentar criar um incidente internacional! Recomenda-se atenção no quesito abastecimento, pois é muito comum a falta de combustível em postos de gasolina, especialmente nas cidades mais afastadas dos grandes centros. Essa situação se contorna procurando combustível em casas de populares, as conhecidas “gasolineras” - presença bastante comum em toda Bolívia.

A geografia do Peru dita o perfil das suas cidades: as regiões litorâneas tem cidades médias dispostas a consideráveis distâncias umas das outras. Esteja atento com o abastecimento, pois entre elas, não existem pequenas vilas. As cidades sobre a cordilheira, são menores e ficam mais perto umas das outras. Fique atento à alimentação nativa, que pode causar algum estranhamento de nossa parte, principalmente quanto ao atendimento e higiene. Em caso de dúvida, consuma alimentos e bebidas industrializados. A polícia peruana esta constantemente na rodovia monitorando documentos e manobras ilegais, e também é adepta da “caixinha”. Dentro das cidades, o trânsito pode parecer confuso devido à intensa circulação de triciclos "tuk-tuk" e vans de passageiros. Pilote defensivamente, e não adianta buzinar, pois isso eles fazem muito mais intensamente que nós. Dentre os povos da América do Sul, em geral, a índole do povo peruano está entre as mais humildes e simpáticas. Os motoristas peruanos costumam ter uma condução calma na estrada, mas também bastante ingênua, e se mostram com menor habilidade e intimidade com seus veículos, do que estamos acostumados no Brasil. No interior do país, os peruanos nãocostumam se orientar pelas distâncias, mas pelo tempo entre um ponto e outro, já que o país tem um relêvo bastante acidentado, com milhares de curvas fechadas nas estradas. Obviamente, é uma maneira bastante imprecisa, pois há uma variação natural de desempenho entre diferentes tipos de veículos.

Para rodar pelo Equador é necessário contratar o seguro SOAT - obrigatório e solicitado na entrada desse país, devendo ser apresentado junto com sua documentação de entrada. Fique atento ao transitar por Quito, sua capital, que mantém um sistema de rodízio que também se aplica à motos. A cidade nasceu no meio da cordilheira e é repleta de subidas e descidas. Fique atento à sinalização nas vias, além de se orientar por mapas e GPS - é um lugar fácil de se perder.

É comum encontrar o exército em barreiras nas rodovias colombianas, por isso, na rodovia Pan-americana já não existem incidentes com turistas e viajantes há algum tempo. A polícia colombiana é rigorosa, portanto respeite as leis de trânsito e os limites de velocidade locais. O colombiano é o povo sul-americano mais parecido com o brasileiro, em termos de simpatia e receptividade - realmente é muito fácil fazer amizade naquele país. Bogotá é uma cidade em pleno desenvolvimento e por isso está constantemente em obras, o que deixa o trânsito caótico, ajudado ainda pela forma que são dispostas suas ruas, com endereços dificílimos de serem encontrados. Até mesmo os taxis, são monitorados e conduzidos via central de rádio.

Na Venezuela, com sua gasolina barata, quase de graça, ninguém gosta de motores pequenos e nem sempre os motoristas respeitam os limites de velocidade. Pilote sempre atentamente, senão alguém pode, literalmente, passar por cima de você.

Com essas informações básicas, muito bom senso e um pouco de boa vontade, temos certeza que suas aventuras sul-americanas terão todos os ingredientes necessários para se tornarem extremamente prazerosas, e totalmente inesquecíveis. No mês que vem, falaremos sobre América Central e do Norte, não perca!!

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