sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mobilidade urbana


A versatilidade de uma moto no trânsito pesado das grandes cidades é inegável. Torna-se imprescindível salientar como um motociclista deve se inserir nesse contexto hostil, de maneira segura e eficiente.

Com aproximadamente ¼ do tamanho de um veículo médio, a moto é dotada de extrema mobilidade e velocidade quando comparada aos veículos que a cercam. Para interagir com um meio onde é minoria, o motociclista deve usar todos os recursos que estiverem a seu dispor para se tornar visível, e minimizar a desvantagem do tamanho.

Um dos aspectos indiretos relacionados à visibilidade é a velocidade relativa aos outros veículos. Essa é a velocidade existente entre objetos em movimento. Para exemplificar, imagine estar-se deslocando a 80 Km/h com um carro à sua frente desenvolvendo 60 Km/h no mesmo sentido que o seu. A velocidade entre os veículos é de 20 Km/h, razão com a qual está se aproximando desse carro.
Para ser visto na ultrapassagem do exemplo acima, é necessário que haja tempo para que o motorista o veja, entenda a sua intenção e possa se adequar. Com uma velocidade de aproximação entre 10 e 20 Km/h, o encontro se dá com tal suavidade que uma grande margem para erros pode ser estabelecida. Existe tempo suficiente para que o motociclista aborte a ultrapassagem, bem como tempo para que o motorista por qualquer razão mude sua atitude, e ainda assim, sem riscos significativos para ambos. A velocidade relativa excessiva é componente de quase todas as colisões entre motos e outros veículos.

Existem diversos recursos que um motociclista tem a seu dispor para se tornar visível perante o contexto em que está inserido.

• Farol aceso o tempo todo.
• Uso de vestimentas claras ou coloridas, de maneira a estar em evidência.
• Uso racional da buzina, como forma de alerta de presença.
• O som do próprio motor.

O principal recurso, no entanto, é o posicionamento que se adota frente aos demais. De nada serve estar de farol aceso, usando capacete e roupas coloridas, buzinando e acelerando, se estiver posicionado em um ângulo onde o motorista não pode lhe ver.

Carros normalmente têm pontos cegos, como colunas que obstruem a visão do motorista. Veículos maiores como caminhões e ônibus têm muito mais área, portanto ainda mais obstruções que impossibilitam ver um veículo pequeno e ágil como uma moto. É preciso estar alerta na identificação dessas obstruções, e prover um posicionamento que permita ao motorista notar a presença da moto.
Uma técnica bastante útil é tentar ver o motorista dentro do carro quando o ângulo em que se dá o encontro permite essa visão. Nas aproximações fora do ângulo de visão do motorista, deve se buscar a imagem dele refletida em um dos espelhos dele. Por reciprocidade, em ambos os casos, quer dizer que ele também está em condições de lhe ver. Mas fique atento: ter condições de lhe ver não significa que tenha visto. Observe o comportamento dele e busque sinais que confirmem ter sido visto. Cancele a aproximação se não tiver razoável certeza, e utilize todos os recursos disponíveis para chamar a atenção.
Atualmente existe outro empecilho para a obtenção dessa certeza: os vidros escuros. Proceda com muito cuidado nessa circunstância, e ao invés de buscar uma identificação do motorista, tente traçar um perfil de comportamento que ele esteja adotando. Se tiver uma condução errática, tente manter distância suficiente para permitir uma manobra evasiva, e ultrapasse assim que for possível e seguro. Nunca mantenha uma relação de proximidade com veículos que não podem ter seu comportamento determinado.

Para as ultrapassagens, sempre que possível, opte pelo lado esquerdo. A maioria dos motoristas espera que a ultrapassagem seja executada por esse lado, estando em um estado de prontidão. Disse “sempre que possível”, porque a legislação brasileira permite que a moto circule entre os carros, no “corredor” formado por eles. Nessa circunstância, usualmente estará fazendo ultrapassagens de veículos pela direita.

Os corredores são particularmente perigosos porque aproximam em demasia objetos com massas e capacidades de manobra distintas. Mesmo assim são perfeitamente viáveis quando os parâmetros de velocidade adotados são os que zelem pela segurança de todos – motoristas e motociclistas. Os corredores de carros parados ainda oferecem a possibilidade de encontro de pedestres atravessando, exigindo atenção e principalmente uma amplificação do campo de visão periférica. Já nos corredores onde os veículos estão em movimento, a atenção maior deve recair sobre a identificação de espaços vazios que eventualmente podem ser ocupados, e assumir que o serão em qualquer tempo. Dessa forma nos colocamos em alerta para a possibilidade de um carro atravessar nossa trajetória.

Sinalize sempre sua intenção e tenha em mente que para ser respeitado no trânsito, é preciso oferecer respeito também. Pilote com prudência.

Um comentário:

  1. Obrigado pelas dicas. São bem claras e objetivas. Estou começando a pilotar agora (1 semana) e ainda não tenho muita confiança e os itens postados consegue me esclarecer alguns pontos que eu tenho duvidas.

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